quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Poemas Espíritas (sonetos, quadras, tercetos, sextilhas)

Autor: Jefferson J. Bui


O Passe

Bendita energia, plácido calmante
Ordena as vibrações alinhando
Vitais ao corpo muito alimentando,
Passagem de doação dado vibrante.

Transferência de força tão flutuante
Com pensamento em Deus ora rogando,
E na verdade todos saem ganhando
Da energia tão pura e filtrante.

Ao doador cabe sempre se vigiar
Tanto os bons pensamentos a Deus alto
Beneficiando ao próximo saciar.

Ao que recebe pega como salto
De disposição, só resta-lhe orar
Pela oportunidade agraciando.


O Saber Espírita

Quando chegar a última mudança
Desta vida terrena estarei
Preparado e consciente viajarei
Responsável da minha bela crença.

Nesta transformação com esperança
Que depende de mim se bem farei
Pois aprendi bem alto o que estudei
As lições da Doutrina e sua herança.

Pôr em prática o que me foi dado
E viver bem, e bem poder morrer,
Consciente da missão solicitado.

Mudança tenho que bem entender;
Realidade onde me foi mostrado
E a Deus eu tenho muito que agradecer.


Mediunidade I

É sendo dos dois mundos que se fala,
Intermediário mostra a verdade,
A santa missão da mediunidade
Faculdade que deve ser bem clara.

Dizeres dos Espíritos declara;
Não depende de sua total vontade
E que deve ser com muita bondade
Para nós a sua luz forte prepara.

Pela mediunidade veio a Doutrina
Que cresceu como mil vozes dizendo
Ao mesmo tempo das coisas da mina.

De várias formas mostra se vivendo
A luz que se espalha da Doutrina
Só onde a razão com fé, espalha correndo.


Mediunidade II

Não é tarefa fácil a missão
Para a mediunidade exemplar.
Os maiores são os caminhos para errar,
Por isso é importante a oração.

Deve ser feito com o coração
Com vontade de muito trabalhar
E ser consciente, ter muito que estudar.
É tarefa sublime de paixão.

Bem enfrenta os percalços do caminho
Enfrentando a pesada carga negativa
Com a sua dor sofrendo bem sozinho.

Para se manter forte na ativa
Ao senhor segue passos que seguindo
Faz por merecer todo céu da vida.




Reencarnação I

Reencarnação é a essência da Doutrina
Que alivia o sofrimento do incerto,
Que bem nos dá a razão de seguir reto
Mostrando à nós a via que se ilumina.

Como o véu da cegueira descortina;
Dá-nos assim a forma bem afeto
Da justiça de Deus nos dando um teto.
Bendita sejas tu bela Doutrina.

É como a fresca água, sacia a sede;
Dá-nos tudo e tirando todo o nada,
As dúvidas arrastam como a rede.

Uma voz que com fôlego nos fala
Mostrando o lado que a justiça pende;
Então temos que a vida forte passa.


Reencarnação II

A reencarnação nos dá esperança
E nos dá força para bem prosseguir,
Mesmo com os tropeços em conseguir
Progresso para a nossa boa mudança.

Entendemos justiça de herança
Do passado fizemos muito ferir
No futuro teremos o que sorrir
Como depois do furor vêm bonança.

Que linda demonstração que nos dá Deus
Presenteia-nos bendito puro amor
E a mim o que conseguir são só meus.

Depende só de nós se for com furor
Ou escolher o caminho do bom Deus
Iluminando só com grande calor.


Chico Xavier

Um grande homem; para modesta alma;
Pequeno orgulho com grande virtude;
Espírito cansado que labute
Que muito trabalhou com muita calma.

Solícito com todos, dá-se a palma.
Bondoso era com toda juventude;
Com idosos foi só solicitude,
Dócil e muito forte foi sua alma.

Levou a mediunidade com missão,
Trabalhou de tarefa por resgate
E ao próximo se deu submissão.

Com amor viveu para ter a morte
Quando o povo bem feliz foi campeão,
A Espiritualidade teve sorte.


A Caridade Espírita I

A Doutrina ensina a caridade
De uma forma mais pura na essência
E que nos faz entender na vivência,
Bem cedemos de nossa raridade.

Todo amor numa forma realidade;
Exercitando-nos toda a paciência;
Complementando do alheio funda carência,
Recebendo nós a possibilidade.

Fora da Caridade não há salvação;
Sem ela não se pode evoluir
O Espírito não terá evolução.

Dando a nossa alma, é ter o possuir,
É simplesmente praticar oração.
Divina opção para prosseguir.


O Centro Espírita

Bendita casa onde se socorre
Dando oportunidade de labuta.
Lugar de se recolher e de fuga;
Bebemos as vibrações que lá jorre.

Abraça da tristeza que bem foge.
Lágrimas tem pessoas co’amor enxuga,
Más atitudes pra melhor que muda;
Pedimos aos irmãozinhos, Deus rogue.

Lugar iluminado pelo amor,
Voluntários e médiuns são queridos
Que bem doam por Deus todo o seu calor.

Esclarecidos são eles benditos
Mas que não tem idéia todo seu valor
Ao plano superior são como filhos.


O Umbral

Espaço temporário é o Umbral,
Passageira morada de infelizes
Irmãos espirituais que bem maldizes
Em seus estágios, falam sempre o mal.

Na escuridão e sombra, é sinal,
Perdidos sem nenhumas diretrizes
Mas muitos assistidos por felizes
Que se esforçam também por bom final.

Ambiente retratando as vibrações
Do estado mental como, é caráter,
Falhando na maioria em suas missões.

Foram ações de vida há rever,
Do que não foi aceitos das lições
Que Deus os ofertou por merecer.


A Psicografia

Segurando na pena que escrevendo,
Revelações transcritas, bem ditadas
De alguém com as forças dilatadas,
Às vibrações difíceis que vencendo.

Pensamentos tão sóbrios reverendo
E das leis morais válidas citadas
Para onde devem ser bem conquistadas,
A vida melhor em poder vivendo.

Que seja ou não consciente, belo e dom,
Aspecto de fundo e bom moral,
Levando para todo final bom.

E pode ser mensagem tão jovial
Representando belo e rima o som,
Inspirando campinas e floral.



O Doutrinador Espírita

Ao Doutrinador quão exemplo tem
A alma mais que pura que puder
O seu comportamento que fizer
Em juntando caráter bem contém.

Para ter a moral de um pai também
E aos irmãozinhos ter o que esclarecer.
As ofensas, orgulhos fortes conter
Evitando as tentações muito bem.

Ser preparado para dar conselho
Responsabilidade elevada.
Conceitos da Doutrina ter consenso.

Fazer reforma íntima pregada
Para exemplificar o processo
Mostrando que possível conquistada.


A Caridade Espírita II

A caridade espírita nos mostra
Que ela pode ser feita de várias
E outras tantas formas e maneiras,
Das mais simples e como de composta.

Coração livre dádiva comporta
De singela tendência são de formas
Paciente quando dado restos,sobras,
E no silêncio quase ninguém nota.

Mas quando não se tem e é cedido,
Das mais sublimes, real é a caridade,
A todos é possível, permitido.

Caridade exprime a sã bondade
Sentimento da alma tão pedido.
Dádiva de Deus traz felicidade.


O Corpo

O corpo, material psicossomático
Invólucro escafrando proteção,
Átomos condensados em união,
Tecido maleável, muito prático.

Sofre sensações de forma traumático
Transmitindo ao Espírito emoção
Maleável modelo sensação,
Corre ciclo, saúde ou linfático.

Ferramenta ativa de trabalho,
É divina matéria pra evoluir.
Não devemos tratar como retalho.

Como faz correr o sangue a fluir
As vezes maltratamos ação falho,
Matéria emprestada a bem seguir.



A Filosofia Espírita I

O Ser, noumenológica verdade.
Ontologicamente pura mônada
Simplesmente Espírito reunida,
Isento do crepúsculo e fealdade.

Estudo basilar da liberdade
Axiologia moral, valor vivida.
Estoicamente força alça a vida,
Reforça o porquê da integridade.

Da epstemológica razão
Interage co’a fé o nosso saber,
Conhecimento abrindo nossa visão.

Teológica maneira em viver
Sua conseqüência tornou religião,
Iluminando a vida clara em ver.



A Filosofia Espírita II

Modo gnosiológico do saber
Esclarecida porta de se expandir,
Metodologia nova de adquerir
Desses conhecimentos e de crer.

Avalia os valores do conhecer
Os diversos caminhos em seguir.
Bendita evolução pra conseguir
O esclarecimento santo entender.

Filosofia Espírita entende
Que padrões e conceitos discutidos
São sob novo prisma suficiente.

Cognoscíveis puros os sentidos
Ontologicamente bem compreende
Novos conhecimentos são reunidos.



Mensagens

Ouço dos irmãos que estão de outro lado
Mensagens com dizeres de sentidos,
Dos sentimentos vastos referidos;
Muitas vezes parecem coisa vago.

Outra, similar feita por um bardo,
Que tão belas atinge-nos feridos
Ante os nossos seres avisados.
Cego tão desgostoso, sempre irado.

Não damos importância que devida
Talvez por não enxergar a luz simples
Em nossa ignorância diminuída.

Asperezas difíceis do que dizes,
Atinge funda a alma em dor bendita.
É o poder das mensagens diretrizes.


Retorno Carnal I

Esperança na hora em voltar
Reencarnando no corpo material,
Escafandro suporte temporal
Fisicamente plástica em moldar.

Uma oportunidade, tem que orar,
Passos para seguir grau moral.
Mecanismo de expugar todo o mal;
Mas contrariando às vezes tem que ficar.

Singe-lhes a benção que oportuna
Aproveita fazendo merecida
Aprimorar caráter por fortuna.

A carne o sangue peça por vencida
Com a tremenda força forte reúna
A oportunidade tão bendita.



Protetores

Movimentam Espíritos amigos
Mesmo contra as barreiras são contrárias
Pesadas vibrações iguais muralhas
Com esforço mantém todos reunidos..

Decisivos e fortes quando unidos
Não nos deixam pegar restos, migalhas
Mostra-nos evitar cairmos às tralhas
Repondo-se caráter vem munidos.

Incansáveis trabalham regulares
Pacientemente ganham confiança
Conquistadas por datas seculares.

Saber que eles existem dão esperança
Tornando companhia familiares
Dedicação doado como herança.



Mensageiros

Amorosos mensageiros do além
Desafiando vibrações pesadíssimas,
Com esforço chegaram de longínquas
Camadas vibratórias boas também.

Dando de si coragem que contém
O bem querer tão pura em levíssimas
Manifestações de amores riquíssimas
Agradecendo sempre com amém.

Às vezes somos cegos inocentes
Ou teimosos seguindo recusando
Receber benefícios livrementes.

Mas vão-se valorosos empurrando
Conhecimento e fortes persistentes
E preces salutares vão orando.



Retorno Carnal II

É como se fosse
Visão de um sonho
Que espanto te trouxe
Notícia estranho.

A alma não morre
Continuando a vida
Nos tempos que corre
Trabalha seguida.

Que mesmo errando
Lhe sobra espaço,
Caráter virando
Do bem como abraço.

Em longo tentar
Dos erros fugir,
Moral em buscar
Final conseguir.

Então, desta forma,
Seguir com bondade
Compensa pra alma
Pegar com vontade.

Difícil é agir
E os erros perdoar
Estes que agredir
Devemos orar.

Ler é necessário,
Do saber importa
E não ser precário,
Conceito reconforta.

Estamos cercados
Por luzes benéficas
Que dão empenhadas
As forças angélicas.



Esperança

Que nos são transparentes as verdades
Tirando a ilusão do mal castigo
Ou eternamente bela aventurança.
Pedindo a Deus do arrependimento,
Pode pensar o nada em existir
Deixando a vida qualquer coisa fazer.

E quando do outro lado, vê a fazer
Por outro prisma o que era as verdades.
Enxerga quantas coisas existir,
As oportunidades; não castigo.
Angústia forte do arrependimento,
E depois, a esperança e aventurança.

Mas é difícil a aventurança,
U’a longa caminhada ter em fazer
E consciência ter do arrependimento.
Em quando se conhece as verdades
Surge-nos ilusório o castigo
E oportunidades bem existir.

Além do corpo físico existir
A alma que desfruta a aventurança,
Entende-se então que não há castigo
Mas oportunidades para o fazer.
Desmembrar com coragem as verdades
Evitando viver o arrependimento.

Não se envergonhar do arrependimento
Porque há outros caminhos que existir
Abrindo-nos outros meios pra verdades.
Do sacrifício ter a aventurança.
Força para a missão toda aqui fazer
Pois, inatividade que é castigo.

E que belo incentivo ter castigo
Do benefício do arrependimento,
Vindo esclarecer tudo em fazer.
Aproveitando na alma por existir,
Trazendo outros irmãos na aventurança
No Espiritual mundo das verdades.

E transcendem Espíritas verdades,
Esclarecendo-nos na aventurança
Feliz eternamente bem existir.


Ignorância

Por que existe preconceito
Perante a Doutrina Espírita?
Recusar saber preceito
Nos livros que está escrita.

Misturam-na com outras
Religiões, que é mentira.
Só é aceita por poucas
Que entendem para onde mira.

E dizem que é do demônio
O que eles nada conhecem,
Em ser para eles estranho
O todo que desconhecem.

As críticas infundadas
Fincadas no preconceito.
Adeptos irracionadas
Sem saber se é verdadeiro.

É-lhes difícil confrontar,
Discutir racionalmente
Não querem de Deus perguntar
Que já pensam francamente.

Coragem que necessitam
Quebrar barreiras ideais.
Não querem; muitos evitam
Conforme seus mundos reais.

Pudessem bem jogariam
Todas obras doutrinárias,
Igualmente queimariam
O saber dignatárias.

Acusam-nos convencidos
Em não seguirmos a bíblia
Ao pé da letra emotivos
Sozinhos, longe c’mo ilha.




Consciência


A minha morte pensei
De quando se aproximar
Se vou ter dor que cansei.

Pois não quero reclamar
Porque sei das minhas dívidas
Que juntei por bem achar.

Primeiros vieram as dúvidas
Caráter que outros não tinham
Tão forte eram minhas críticas.

Pensava que a mim só vinham
Somente interessados,
Desgraças fortes que ouviam.

Pedintes vieram passados.
Negados os meus serviços,
Bondades muitos negados.

E quando se vive os vícios,
Mais forte é o egoísmo.
Quão cego os nossos princípios.

Momento então fortíssimo
De dor em que o sofrimento
Que surge no ato raríssimo.

Clareia o nosso sentimento,
Mostrando com a razão
A nossa fé do momento.



Mesas Girantes

As atenções gerais na Europa inteira
Tão convergidas para os fenômenos
Denominadas “as mesas girantes”,
Onde os salões cheios da aristocracia
Parisiense reunia-se todas noites
Que em torno de mesas bem redondas,
Espalmando as mãos pouco acima delas,
Formando uma corrente com contato
De todos dedos mínimos, no intuito
De fazer com que as mesas movimentar.
Era um divertimento diferente
Que as mesas com pancadas respondiam
E se movimentavam para os lados.
O passatempo passou também para
As casas parisiense em geral.
A este fato Kardec comentou:
“Eu ainda nada vira e observara;
Experiências que realizadas pela
Presença de pessoas honradas, dignas
De boa fé, confirmavam opinião
Minha quanto a possível possa ser
O efeito puramente material”.
E kardec fazendo as perguntas
Inteligentes, bem tinha as respostas
Também inteligentes, descobrindo
Bem então, desta forma todo o mundo
Espiritual, partindo a codificar
A Doutrina Espírita por fim.



Terceira Revelação

Peço licença às Musas cantadas
No passado por bardos talentosos
Como Homero com poemas encantadas.

Cantou sua extensas obras volumosos,
Façanhas dos heróis fortes lutaram;
E dos deuses do Olimpo tão famosos.

Como os gregos e os troianos combateram,
E a volta de Ulisses que vingou,
Todas duas epopéias terminaram.

Também o poeta; Roma divulgou:
Ao qual também os deuses inspirador
Virgílio, igualmente retratou

Enéias de origem troiano foi o fundador
Da esplêndida nação romana eterna
Combateu pelo povo e conciliador.

E o lusitano Camões que nos dera
Decassílabos versos, belas vozes
Portuguesas façanhas que fizera.

Que nos mares as côncavas velozes
Naus buscavam abrir livres veredas.
Mercados conquistar antes ferozes.

E os brasileiros, lindas, belas letras
Espalharam poemas bem rimados,
Cultura dóceis versos como sedas.

Bem como os dois Gonçalves, tão letrados;
E mais, Castro Alves, ícone foi brasão
Da lista grandes bardos encontrados.

Assim, escalar não tem mais razão
A montanha Aônia para as musas falar
Aos deuses ; dispensados estarão.

Sinto-me livre para declarar
Versos desta epopéia irrestrita
Dispensando lendários p’ra enfeitar.

Quero declarar a Doutrina Espírita
Todo o seu movimento revelador.
Que antes chamava-se Espiritista.

Peço agora ao Mentor inspirador
Com a inspiração amiga querida
A cantar com os versos tão narrador

Toda a epopéia Espírita bendita
Que é considerada a Terceira
Revelação que Deus a nós permita,

Com Moisés começando ser primeira.
Unicidade de um Deus concebeu.
Libertador do povo hebreu, requeira.

E no Monte Sinai que recebeu
As Tábuas com escritas leis em linhas
Todo Dez Mandamentos recolheu

Divulgador das sábias leis divinas
Luz que iluminou as vias da humanidade,
De um povo com missão e também com sina.

Leis que até hoje são ainda raridade,
Guias para espiritual evolução.
Moisés foi o libertador de verdade,

A seguinte segunda revelação
Foi o advento de Jesus mestre amado.
Co’a humanidade em outra elevação.

De evolução moral adiantado
As novas leis divinas: o Evangelho.
Seria eternamente ensinado.

O Cristo com a lei já muito velho,
Sabiamente ajuntou a vida futura
E fez da divindade o Evangelho.


O misericordioso justo e pura,
Bem fez do amor de Deus a caridade
Co’o próximo irmão toda candura:


Oportunidade

A minha alma sonha
O sonho de uma alma.
Deitado na fronha
Querendo com calma:
Bem querer,
Bem morrer.

Bem morrer pra viver
A vida eterna,
Com todo o sofrer
Que sempre externa:
Bem ter,
Bem viver.

Difícil pensar
Que a dor é bondade.
Tentando não errar
Mostrando a verdade:
Bem vêr,
Bem ser.

E ser paciênte
De quando não tem
O que se pretende
As coisas que vêm:
Sem querer,
Sem perder.

Não perder a calma
No choque da burla,
Momento da alma
Aguentar a luta:
Sem cair,
Sem sair.

Não fugir do instante
Da nossa chamada
De sempre constante
Dever desejada:
Sem pedir,
Sem fugir.

A benção de ter
Caminhos seguir.
As chances de vencer
Das obras que surgir:
Com favor,
Com amor.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Os Brasilíadas (Poema épico em decassílabo heróico da história do Brasil)

Os BRASILÍADAS

Autor: Jefferson José Bui


CANTO I

Sinopse: Introdução à terra brasileira; descrição das cores da bandeira brasileira; dedicação e inspiração do poema; apresentação do personagem principal Gonçalves; Gonçalves capitão de uma fragata da Marinha brasileira inspecionando a costa nacional; uma tempestade repentina ameaça a embarcação; a tripulação luta para manter o navio flutuando; Gonçalves cai ao mar.



1

Das margens tropicais praias brasileiras
Navegam quem mais amam esta terra,
Admirando os pontos das costeiras,
Segue reto, não perde, nunca erra.
Dos orgulhos no peito adquiridas
Desta nação que sendo longa gleba.
Faz-se o azul brilhar forte no alto céu,
As nuvens abaixando como véu.



2

A nau navega em ronda de atalaia,
É guardiã desta terra muito nova.
Observa de longe a longa praia;
Os inimigos põem longe, prá fora,
Vigiando também que dela vai e traia.
Fazendo a segurança quem aí mora
Vigiando fica contra for invasor,
Não deixando aumentar o mal terror.



3

Esta terra que sempre cobiçada
Pela sua natural bela riqueza
Atrai muitos buscar a sua caçada
E encontram para muita sua surpresa
Àqueles que estão sempre muito em guarda
Aplicando a justiça com certeza;
De longe chegam tantos vários ladrões,
Sozinhos ou mandados por seus patrões.

4

Ao índio pertenceu, tudo aqui era
Mas cobiçando o homem o tomou
Daqueles que também terra tivera
Não foram fortes, e não conquistou
A floresta dos índios lar fizera;
Com toda valentia o índio ficou
O povo bugre não se escravizou,
Pois, com toda coragem se livrou.



5

Verde da mata, cor resplandecente;
Estende-se por toda a longa terra.
Do alto parece que se vê um tapete
Íngreme sobe pela grande serra;
Promessa que será bem permanente.
Flora e fauna nascente sempre gera.
Nas entranhas se tem algum mistério
Que fica a quem quiser o seu critério.



6

O azul imenso que brilha celeste
Onde voam tantos pássaros diversos,
Dos cantos, leste, sul, oeste e do norte.
Das nuvens desviam ou passam imersos
Desses pássaros cortam alto forte.
Pode o poeta inspirar seus belos versos.
Neste céu as nuvens formam as figuras,
Desenhando pintadas as gravuras.



7

O amarelo figura a cor do ouro,
Este ouro representa sua riqueza
Entre outros, mas também é seu tesouro;
Com ele o homem fica com nobreza
Mas para conseguí-lo tira o couro
Para ter dele coisas com fineza,
Fazendo gente achar muito feliz
E outro que não tem, olham e maldiz.


8

Brasil tem terras ao longo bonitas,
Natureza pomposa elegante
Majestosas extensas benditas
Agradecida fica ofegante.
Às vezes conseguindo com feridas
Vindo de terras longe que distante
Sofrendo flageladas tão privações,
Mas chegando sorriem os corações.



9

Desconhecida, densa aguarda selva,
Repleta arborizada vasta mata.
Rastejante também caminha relva.
Tem rios e lagos fazem uma pauta.
Para as doenças procuram a boa erva,
Tem outros alimentos muito brota.
Só penetram os homens corajosos
Sendo que alguns ficaram tão famosos.



10

Assim navegam tantos do navio
Com atenção de todos vigilantes,
Passando por privações como o frio.
Ficam no litoral os navegantes.
De dia ou até cair a noite de arrepio.
Com coragem, vontade de gigantes;
Este litoral vasto cobre o mar,
Este Brasil que muitos irão amar.



11

Ficaria dilatado tanto tempo
As belíssimas grandes são gravuras
Paisagens brasileiras com alento
E os homens com suas garras e bravuras
Que variam em caminho com o vento.
Contando com vastíssimas figuras,
Eternamente sempre memoráveis
Pelas suas ações muito inenarráveis.

12

Este tempo também eu mostraria
E falaria dos homens brasileiros,
Personagens de lutas , valentia.
Homens de grande força de guerreiros,
Mesmo sendo tão inúmeros diria
Daqueles da batalha ou dos mosteiros
Que saem ao passo ou ficam mais no paço,
Mas qualquer um que for, direi que faço.




13

Agora não preciso mais mostrar1
O retrato do nosso pais Brasil
E entenda porque quero aqui narrar
De forma que tentarei ser gentil,
As façanhas de vários vou falar
Com clareza mostrarei o seu perfil.
São essas coisas bonitas da história
Que obriga-me mostrar com muita glória.




14

Outro motivo para aqui narrar
É pelo sentimento corajoso
De luta e valentia de trabalhar
O dia a dia, de tentar vencer honroso.
Mesmo com desvantagem quer mostrar
Que o povo sobrevive bem virtuoso.
Reprimido assim mesmo na nobreza
Esse povo destaca a sua grandeza.




15

Depois da explicação quero dedicar2
Esta narração não só para algumas
Pessoas, mas para todas sem prejulgar,
Independente das suas aventuras,
Pois, não quero ser juiz e analisar
Seja quem for, mas sem que ponha dúvidas;
Brasileiro é que nos interessa,
É a ele que fiz pretérita promessa.




1 6

Não dedico esta peça narrativa
Especificamente para alguém,
Mas para quem for bem receptiva.
E gostar do Brasil como também
Alguém que guarde boa perspectiva
Dessas pessoas que ficam no vai - e - vêm
Seja gente do povo tão geral
Que fazem a maior parte do total.




17

Dedico a quem nos deram de seu sangue,
Os sacrifícios para o bem comum
E não viam que faziam era ato grande.
Não queriam para o povo dor nenhum;
Mesmo que destas terras voasse longe
A esperança atingir fosse algum
Brasileiro que vive na memória
Do nosso coração sempre demora.




18

Em que a quem busco tal inspiração ?3
Que me faz cantar nesta agora escrita
Buscando em fatos e imaginação,
Quem participam toda essa lida.
Tomaram certa e válida opinião
Tentando estancar dor da nossa vida;
Tendo a atenção, toda minha fixo
Pensando em quem morreu no crucifixo.




19

Também é pela grande condição
De sofrimento que passa essa gente
Presos em suas misérias sem perdão.
Autoridade que a eles ainda mente
Conseguindo o que tem, com mutirão.
Tantos são miseráveis que só aumente.
Essa boa gente pobre é que inspira
Fazendo os heróis em nós ainda viva.




20

Como inspiração me podem ceder ?
Pois aparentemente não tem nada!
Que algo importante deles eu querer?
Eu explico: grande raça a mim é dada,
Movimentado querer o viver
E não deixam suas dívidas sem paga.
Neles me inspiro nessa singela obra
Que a mim eu fortemente ora me cobra.




21

Começamos a nossa narração4
Focalizando a nau que antes nós vimos 5
E com respeito pede atenção.
Alegria em contar nós aqui sentimos,
Esforçando -nos a concentração
De boa vontade nós bem que agimos.
Pertencente a Marinha Brasileira,
Bela embarcação corta mar ligeira.




22

Os motores ligados em excesso
Levando o navio, corta onda tão fero.
Trazendo ao porto em volta de regresso
Onde neste momento tudo belo;
Que a sensação de alívio tem ingresso
Contagiantes contar a vocês quero;
Cumprindo outra patrulha ao litoral
Vigiando o imenso mar em seu geral.




23

Entre a crista e a onda flui embarcação,
Lâmina corta, rasga imenso mar.
Pendão do Brasil em tremulação.
Números estampados pra citar
Que não dá para ter mais confusão,
Sendo mais fácil vêr do que advinhar.
Rápida montanhosa forte leva
Patrimônio do país em si bem pesa.



24

E a tripulação com que experiência
Trabalham eficiente largo trato,
Tudo ordenada série de seguência
Executando esforço muito fardo,
Combinando de todos a vivência
Cultivando então próprio seu contato
Ocupando tarefa bem obreiro,
Labutam homens, que vão tão ligeiros.



25

Pluma o vento azul mar é decente,
Ajuda e empurra máquina do barco,
Motores batem mais cadenciamente;
Flutuando vai batendo largo nado;
Volume d'agua corta livremente
Em linha condizente faz seu rasgo,
Navio montanha, forte embarcação
Patrimônio pequeno da nação.




26

E na cabine vai o comodante
Gonçalves é o seu nome de guerra.
Portador e capaz vai navegante
Não foi por ocasião nem por ua mera
E muito menos por forma instigante
Que comanda nau tão grande e tão bela;
Mas por capacidade e por bravura,
Inteligência, porte de ternura.



27

Pelos subordinados tem respeito
E amizade por todos amistoso
Dando a quem tem modesto por direito
Reconhecer virtude valoroso,
Integralmente e não sequer estreito;
Nunca se faz da sua nau tenebroso
Falando ordens sem jamais ferir
E alguém, algum mal quis e foi atingir.

2 8

Vida salutar bem honrosamente
Digno se presta sábia sua vivência
Em distribuir suas ordens tão fielmente
A quem quiser total a transparência,
Sem complicação quão tal simplesmente
Que sucede simplória existência.
Ouvinte sempre com séria empatia
E quando fala mostra simpatia.



29

Para ele foi confiada esta missão;
Não foi castigo nem por vitupério
Mas por capacidade de visão
De quem conhece todo esse império;
Externando sabiamente a lição
Marítima é rota hemisfério,
Guiando-se por estrelas ou por mapas.
Sempre chega ao destino como estradas.



30

Gonçalves sábio quão inteligente
Transmite toda e qualquer confiança
Solicitado por confidente;
Dos amigos mostrando esperança.
É o nosso herói que presente,
Que nossa atenção presta e se lança,
Furtando-lhe importante intimidade
Sempre levando em conta a seriedade.


31

Quando ia sereno barco navegando,
Marinheiros labutam tão serenos
Despreocupados forte trabalhando;
Iam dizendo : "ao lar breve chegaremos".
Rápido suor vai logo enxugando;
Aguardando aventura (já veremos)
Que a eles desconheciam esse intento,
Mas nessas linhas conto o meu invento.


32

A rotina cessou célere hora
Porque da calmaria que se levava
Juntou-se nuvens fortes sem demora
E ao capitão mau tempo se insinuava;
Raios e trovões sem folga se estora;
Suas chispas se estalavam e clareava.
Com o céu já na sombra escurecia
Dando o grande estrondo estremecia.



33

Ondas gigantes davam pulos altos
Ruge furiosamente com balanço
Insensível também empurra os ventos
Jogando os marinheiros sem descanso
Fazendo que vontades tornem lentos;
Sentindo eles saudades do mar manso.
Águas que se agitavam com espumas
Falsamente simula doces plumas.



34

A calma e a disciplina o capitão
Tentou por causa do grande alarido,
Mas parecia que tudo tornou em vão
Porque vários se tinham ao chão caído
Escorregavam como no sabão;
Se machucando dando alto gemido.
Nesta hora ninguém se dava certo
Qualquer que fosse coisa mui correto.



35

O comandante grande temor teve
De vêr neste momento da tragédia
Que poderia causar nos homens dele,
Da situação que veio como moléstia.
E o barco balançava igual a rede.
Mais que expectativas é da média,
Pois a situação que nunca viveu
Mas experiência ruim nunca cedeu.
36

Mas a sorte parece esperança
Quando não tem nenhuma solução
E aparece e dê toda confiança
Para vencer problema de extensão,
Todos resolveram forte aliança;
Esclarecidos de toda razão.
Perante a luta com a natureza
Gonçalves enxergava a incerteza.



37

Este terrível foco lhe magoa;
Parecia em desvantagem desonesto.
Preocupada tensão no rosto soa .
Incomodação descem indigesto,
Resolução neste momento voa
Quando se vê totalmente modesto
Da repentina queda mudança
Do momento em que tudo era bonança.



38

Apesar dos motores que possantes
Não vencia a força da mau ventania,
Deixando os tripulantes inconstantes.
Por fazer de tal coisa vilania
Não valendo das horas vigilantes.
Apenas se ouvia toda gritaria,
Onde o convés já estava encharcado
Das ondas e da chuva cai pingado.




39

Mas o capitão não só ordenava,
Corria de todos lados ajudando
Dos pontos fracos , pronto auxiliava
Até que o navio forte balançando;
Jogou o capitão que mal se guiava;
Ao mar revolto se gesticulando.
Tragado pelas águas mui salgadas
Batendo fortemente muito altas.

40

Exaustivo, lutava compassado;
Todos da embarcação jogavam tudo
Como corda e bóia bem desesperado;
Não conseguia alcançar sem ver no escuro
Lasso debatia e nem sequer pegá-lo.
Sendo pela maré longe empurro.
Desapareceu aos olhos das gentes
Do navio era como seus parentes .



CANTO II


Sinopse: Gonçalves cai ao mar e fica desorientado; Gonçalves se encontra com os deuses gregos ; Zeus quer que Gonçalves narre a história do Brasil, seus heróis e seus feitos; Gonçalves concorda em narrar começando comparando com outras nações.



1

Gonçalves se sentia como perdido,
Tinha a impressão perdida do seu tempo;
Sentindo todo o corpo bem ferido
Com a sensação de puxado lento;
Até que a sua consciência ter sumido
Deu vaga para duro sentimento
De que se foi perdida esperança
Que assim chegaria logo a boa bonança.



2

Deste momento no profundo mar
Os sentidos Gonçalves fez se unir,
Seu corpo sem controle balançar
Das águas com a crista faz subir.
Percepções estranhas ruim de narrar
Para descrever todo seu sentir;
Desacordado como num sonho
Indagação totalmente estranho.



3

Assim é o mundo, mostra o futuro
Pra quem olha e que grandeza mostra
E quem possa ver tem tanto orgulho.
Ainda quando batendo a face contra
Coisas novas, deixando velho entulho
Entesourando coisas como ostra.
Gonçalves se delira da visão
Mas tem consciência que imaginação.



4

No céu uma grande nuvem desenha
Com as ações do vento bem escultor;
Um coração de alguém não desdenha
E que nunca fez mal ou qualquer dor.
Na amizade jogue mais lenha
Como os raios de sol que aquece uma flor
Ou dê sempre lembrete como amigo
Para se desviar de muito perigo.



5

Lá embaixo um pequeno riozinho
Que ainda além de pequeno traz a vida.
Cria pela natureza algum peixinho
Ou dá para quem tem sede a bebida,
Não se importando que seja feinho;
Só que interessa vem bem recebida.
Riozinho que chega em algum rio grande
E que este chegará ao mar gigante.



6

Em seu sonho ele encontra uma árvore
Solitária esperando por alguém
Para oferecer maciez e não mármore.
Se juntas saborosas? Tem também?
Que representa nosso bom folclore.
Sombreada frescor suave ela mantém.
Orgulhosa florida abundante
Para oferecer à todo andante.



7

Uma montanha que ali fica alta,
Em uma rampa o homem vai sofrido
Mas o seu esforço é grande e não falta
Dedicação sem ser interrompido.
Se pudesse daria uma grande volta
Só que ele não descarta um desafio.
Finalmente o seu cume é vencido,
Sempre tendo o seu crédito esquecido.


8

Coisas do nosso pobre coração
Em que a vida se passa e não termina;
Da vitória regada, da oração
Como saído do poço ou de uma mina
Tendo os ideais levado em comunhão,
Ainda mais a moral que se refina
Consegue valor da integridade
Possa vencer com justa validade.



9

Estas Coisas Gonçalves bem pensou,
A frase muito curta até geme
Pois, nunca essas imagens enxergou,
E pelo fim de sua vida ele teme
Da situação deste ponto chegou.
Não podia imaginar em que leme
Poderia estar pra ficar atento
Corrigindo o seu próprio gosto intento.



10

Entoações e cantigas ele ouviu
Que pareciam vir de longe exaltado.
Aromas de perfume ele sentiu,
De um ambiente bem grato perfumado
E todo mal estar dele sumiu.
Ficando muito bem reanimado.
Vozes então chamavam-no de longe
Silhueta enxergou da porta que range.



11

Então pasmado se viu sentado
Salvo e ileso daquela tempestade
Em um ambiente claro iluminado.
Duvidou em ser se era mesmo verdade,
Até se sentiu muito confortado
Mas ainda com bastante ansiedade.
É como se tratasse de miragem
Porque pensou também outra bobagem.

12

Vislumbrado reparou na assembléia
Que para ele um silêncio toda presta.
Fica com olhos como uma platéia
Suor começou brotar úmido a testa.
Olhares de quem só se olha a morféia
E as pessoas temem a que se infecta
Ou se faz parte de uma convenção
Que sua voz fará parte da oração.




13

Foi que então de seu trono disse Zeus6
(Rodeado de outros vários deuses era.
Da antigüidade foi grandioso deus.
Por dilatados anos que tivera ,
Do Olimpo7 espalhou pelo Pireu8
E reinou tanto quanto bem pudera).
A Gonçalves com voz forte rouca
E atenção divindades tem toda:




14

“-Desde que você foi visto no barco
Comandando os seus homens marinheiros
Trabalhando em nau bela como Argo9.
Diferentes decentes estrangeiros
E nau proa deixa bem o largo rasgo.
Com boa habilidade de obreiros
Quis você mas não pense que foi fácil
Pois, eu não queria qualquer imbecil.”

1 5

“Porque, pois, queria saber do Brasil
Este país surgi bem despontado;
Jovem, moço ganhador e viril
Que entre tantos valores tem errado
E que por outra parte faz gentil;
Mesmo sendo setada bulha irado,
Mas responde por ordem de ataque,
Se defende de quem se faz o saque.”



16

"- Dessa soberba quero sua história
Do Brasil ouvir, meu tanto direito,
Tudo que você tiver na memória
E tem que ser completo, não estreito;
Da desgraça ferida até sua glória
Mostrando ser nos dias de hoje eleito
Chamando minha toa admiração,
Pois, não é qualquer me chama atenção.”



17

"- E quem for me contar, tem que ser bem
Merecedor de força destemida
Como sua moral farta e cheia também
Com bondade longa e longe extensiva
Fazendo que a confiança lhe vistem
E que se faça bem compreendida;
Que saiba contar de forma altaneira
A saga dessa gente brasileira.”



18

" - E tu Gonçalves se identificava
Àqueles heróis que se externavam
Áurea que muito forte bem brilhava,
Principalmente aos deuses que olhavam
E para os mortais só se irradiava,
Mas doce energia leve encontravam;
Portanto para mim Rei do Olimpo
Você serve, pois, tem coração limpo.”

19

" - E para achar quem fosse me narrar
Auxiliaram Apolo10, Hera11 e Atena12,
Com Hefesto13 também veio bem somar;
Mais ainda Hermes14, Héstia15 com centena;
E Poseidon16 que te achou bem no mar,
Procurou como se procura gema,
Valorosíssima pedra difícil,
Com dever de maneira quase cívil.




20
" - Portanto, não percamos mais tempo
Que passa como Pégaso17 ligeiro
Voando levado pelo forte vento;
Não gosto desse modo tão rasteiro
Que se deixar começa seu aumento
E pretendo ouvir todo por inteiro."
Falando assim sentou em seu grande trono
Que do Olimpo sentia de todos dono.



21
"- Que tormentoso sinto-me retido"
Disse Gonçalves para os presentes;
E continuou falando bem sentido:
"- Debatendo-me contra correntes
Que fortemente tem-me que ferido,
Com ondas suficientes para enchentes
Similar a Cocito18 atravessei,
Do mar inferno todo caos nadei."



22

" E fui jogado fora do navio;
Estando aqui presente me preocupo
Com os meus companheiros de serviço.
Grande tensão sofrida me ocupo
Dos seus destinos sinto bem vazio,
Pois os seus alaridos ainda escuto.
Amargura sentida preocupada,
Sinto que para todos não fiz nada."



23

Apolo falou com seu vozeirão
Fazendo com que todos escutem:
"- Acalma-te valente capitão,
Não se preocupe, eles estão bem
E logo todos juntos estarão.
Milhas navegarão breve também."
Estas palavras bem tranqüilizou
Que atenção tão sincera respeitou.


24

Gonçalves sentiu que nestas palavras
Mais segurança da honestidade,
Não da boca de que faz enfeitadas
Mentirosas, mas sim com validade
Mostrando transparências tão honradas,
Mas com toda sua mais simplicidade;
E antes que alguns daqueles falasse
Se colocou na frente e antes disse:

25

"- Já então todo grande mal passado
E me honro de estar aqui presente
Calculando que vós muito esperado
Não passarei daquele que ausente;
Nem tão pouco dos que tagarelado
Falam que vão chegando aos finalmente,
Desprezam seus ouvidos e atenção,
Mas em ordem farei minha oração."



26

" Mas não deixo de dizer se é justa
A sua escolha Zeus grande do Olimpo,
Pois que existem variados na luta
Derradeiros valentes estampido
Que não se cansam dura labuta.
Forte, fero conseguem mesmo caido
Onde além eloquentes oradores
Poderiam melhor para os senhores.”



27

Depois de pausa breve continuou:
"- Independente de sonho ou verdade,
De estranha missão que me colocou
Estando aqui presente é o que vale
Mas como um bardo vós não me contou.
Então tenham paciência entidade,
E todos vós que escutam tão bem sóbrios,
Pois faço parte de muitos acólitos."



28

"E se me pedem para contar tal
Narração brasileira, perseguem
Então, já muito tempo capital,
Sabem pois, como todos aqui vivem
Acoimados da força federal;
Não importando para qualquer gritem,
Pois, corrupção, roubo de político
Tornou-se problemático e bem crítico."
29

" Por sua vez tem bom samba e futebol,
Gente bonita com bela amizade,
Alegre que faz todo carnaval
Tentando levantar felicidade;
Sendo bastante esforço do geral.
Um povo com perfeita raridade
Que galopa na rara e grande fé
Parando pra beber um bom café."




30

"Mas para vós Zeus, como para todos,
Vós outros deuses santos mitológicos
Começarei faltando com os fogos
Que ascende das lendárias e folclóricos
Ou das guerras fazendo tantos mortos;
Muito menos relatos filosóficos
Só por ordem de tempo da História
Que sai mais facilmente da memória."



31

"- Irão comparar vós facilmente
Com outros povos livres e com créditos
Como o Egito tanto vagamente
Eternamente com seus muitos méritos;
Esfinges e pirâmides vigente
Mais que muitos dos nossos altos prédios.
Lótus flor do rio Nilo enfeitava
Vitória Régia a nós que aqui banhava".



32

"- E daqueles de Biblos, Babilônios
Disputavam com Pérsia muitas terras;
As vezes entreviam os sumerianos
Longíquo povos de outras tantas eras
Que viveram bem antes dos baianos.
Festejavam fortuítas longas guerras.
Tanto rio Tigre como Eufrades bem
Tinham belezas líricas também ".


33

"- E que me direis do povo grego?
Melhor vocês do que ninguém sabem,
Pois reinaram bastante era inteiro.
Historiadores são melhores varrem
Cometendo variado largo erro.
Incorreções engodo sempre trazem.
Lá onde Olimpo fez nossas moradas
Contataram nas lendas e fincadas".




34

"- E contra os raptores, os troianos
Com os gregos surgiram as seletas
Gentes de heróis que durante anos
Fizeram encher muitas bibliotecas;
E sempre atualizadas no comandos,
Sábios desenvolvidos sem as tréguas.
Ílion19 por uma década acabou
Depois do cêrco grego a derrotou'.




35

"- Grécia como uma mão que se estende20,
Das Filosofias várias tanta ciência
Guardava lentamente latente,
Que traria benfeitora divergência,
Onde a razão por si só compreende
Sem muito explicar, pois, tem sua essência.
Foi legítima mãe universal,
Humanidade forma racional".



36

"- Na bela antiga Roma, a cidade
Eterna onde sabemos se brilhavam
Vossos poderes prontos de verdade,
Mas com nomes trocados reinavam.
Em Roma se falou na igualdade
Nos direitos dos povos falavam,
Direitos, igualdades, que beleza
Era parte de toda natureza".




37

"- Outro desde o passado foi gloriosa:
Gália que hoje se chama França,
Que nas guerras também que foi furiosa;
Para a humanidade, a esperança
Mostrou fraternidade orgulhosa.
Gênese das idéias que se lança,
Conhecida cidade das luzes
Rodeada também de muitas cruzes".




38

"- E vós conhecem a séria Germânia?
Por duas vezes tentou bem conquistar
O mundo para ser forte Alemanha.
A raça Ariana quis ressuscitar
Mas o estrago foi mais que tamanha
Que depois de duas guerras foi cessar,
Os ideais de conquista foi tornado,
Progressista nação e melhorado".


39

"- E conhecem também a lusitana
Gente do nobre poeta português.
E o nortista21 da era Vitoriana
Gente tradicional bom povo inglês.
E a fortíssima esquadra foi Espanha,
Muito bem conhecido foi Cortês.
E muitos na sua longa passagem,
Passaram na história de viagem".




40

"- Aguardem deuses, por um Brasil jovem
Que se perdeu durante sua longa
Vida de muita posse de coragem
Mas que se acertou de toda afronta
Quando quiseram lhe dar desvantagem,
Deixando o povo com cabeça tonta.
Agora que me inspire todos bardos,
Pois, sei que são pesados os seus fardos".



CANTO III


Sinopse: Gonçalves começa narrando o descobrimento do Brasil; narra a colonização; narra Caramuru e seu casamento com Taparica; fala de João Ramalho; descreve os índios nativos das terras brasileiras e seus deuses; tratado de Tordesilhas; os primeiros governadores; as invasões holandesas; a guerra dos Guararapes; os bandeirantes; Tiradentes e os inconfidentes; Dom Pedro primeiro e a independência do Brasil; a guerra do Paraguai e a queda de Solano Lopes; a República Nova; Getúlio Vargas; a revolução Constitucionalista; o Brasil na Segunda Grande Guerra; a ditadura; Tancredo Neves e as diretas já; globalização.




1

Pensando como em sendo seu fardo
Colocou-se falando olvidar
A história no estilo de um bardo
Os fatos e das épocas contar,
Sendo o seu modo tão bem concentrado.
Com altiva voz grave pra escutar;
Então começa bela narrativa,
Ao nume aceita com muita festiva.



2

Iniciou claro, pelo descobridor:
"- Ancorado nau de Cabral no Tejo22,
Muito considerado com o clamor,
E abençoado na Ermida do Restêlo23
Para honra de seu rei, seu senhor
Na qual valia mais seu nobre desejo
Às Índias desejava bem chegar,
Mas foi o Brasil que finda veio ancorar".

3

"- Sua nau da rota bem longe desviou
E foi chegar em outras novas terras,
Tão bonita, tão bela, ele gostou.
Similar à lugares de outras eras.
Flâmula portuguesa aqui fincou
Trazidas por velozes caravelas;
Mas outros olhos24 os observavam,
Eram gente nativa interrogavam".


4

"- Então desembarcaram como amigos
Pelos nativos gente simples puros
Com segurança fora dos perigos;
Aliança prometia para os futuros;
Bela simpatia os dois foram sentidos,
Recepções levados seguros;
Então na terra firme eles pisaram,
A Deus com muita fé que abençoaram".


5

"- Cabral foi de Azurara e Belmonte25,
Depois de instalar nesta bela terra
Com o pendão cravado no monte
Como um marco que grava o que fizera
De Portugal potência por gigante.
Só conquista, seu rei só tão espera.
Às Índias Cabral viagem continuou
E muitos lusitanos se deixou".


6

"- E depois vieram as expedições
Para verificar e conhecer
Até onde vão das suas limitações,
Em mapas poder traço se escrever,
Querendo muito largas extensões
Terras conquistar para se manter
E viram que era terra bem vasta
Que tantas léguas ganha e não basta".
7

"- Brasil, nome tirada de uma árvore
Como ibirapitanga26 dos selvagens,
Regada pelas chuvas, cor de mármore.
Água límpida lava as folhagens
Mantém viva até hoje em seu folclore
Transportando de várias tantas viagens.
Pau - Brasil de sua tinta rubra cor
Rendeu divisas para brindar licor".


8

"- Pero Vaz de Caminha foi escrivão,
Homem capaz de toda feitoria
A Dom Manuel mandou tal descrição,
Feliz descobrimento que havia
Acontecido com muita emoção
E de toda verdade bem descrita.
Fez-se o descobrimento assim saber
E a história realmente se valer".


9

"- Começou depois com a migração.
Martim Afonso foi bem importante,
Soube imperar com moderação
Com liderança forte e constante
Justificando ao rei apresentação
Que foi-lhe dado como mandante;
São Vicente colônia regular
Depois Piratininga salutar".



10

Gonçalves parou e fez uma pausa
E viu que todos bem impressionados
Pela agradável fala sem a trauma.
Eles estavam bem intencionados
Pela continuidade dessa causa,
Com feições se mostrando encantados
E buscando na mente a seqüência
Continuaria com a mesma freqüência.

11

Gonçalves continuou sua narração
Lembrando de alguns grandes personagens
Da História fizeram emoção,
Dos seus atos lembrados as imagens;
Passagens de suas glórias com paixão
Da grande fama brilha suas vantagens,
Homem que foi tão simples ou herói
Que o caminho do tempo não corrói.



12

Gonçalves narrou então que bem dizia,
E os deuses atenciosos bem ouviam:
"- Naufragou nau nas costas da Bahia
Nas mãos Tupinambas pereceram.
Diogo Álvares, morte bem fugia;
Teve a sorte que os outros não tiveram.
Bem atrás de uns penedos escondeu-se
Até que pelos índios descobriu-se".



13

"- É Caramuru, nome de um peixe,
Às pedras é jogado às ondas.
A moréia é caçado pelo feixe
Que tem aguda suas finas pontas,
Mas pelos índios vivo se deixe;
Por pouco pagou todas suas contas;
Caramuru alcunha que lhe deram
E amigo logo os índios o fizeram".



14

"- Desposou filha do bom Taparica;
Paraguaçu belíssima foi fêmea.
Foi batizada como Catarina,
De mãos juntas formando alma gêmea.
E as raças se misturam e ilumina,
A união dos seres que é bem suprema,
Tiveram numerosa descendência
Que em seu seio abrigou sua dependência".

15

"- Caramuru atirou certo num pássaro,
Despreocupado voava velozmente;
Com um belo arcabuz, tiro certeiro,
Mira correta fez bem contente.
Arcabuz foi tirado do naufrágio.
Para os índios som muito estridente,
Amedrontados todos bem ficaram,
Caramuru seu nome o chamaram".



1 6

"- Outro é João Ramalho desconhece
Ao Brasil como foi que apareceu,
Nem mesmo o tempo que bem se conhece
Não desvenda que data e onde nasceu.
Tanto trabalho fez que engrandece,
E seu nome ninguém que se esqueceu,
Náufrago ou se judeu era degredado?
Sua origem foi e é ignorado".



17

"- Martin Afonso foi bem ajudado,
Ao seu serviço que muito auxiliara
E quando São Vicente foi fundado,
Comunicação dos índios levara
O acontecimento foi falado,
E simpatias felíssimo deixara.
Bem deixou numerosa descendência
Que segurou com toda sua coerência".



18

"- Vivia bem diferente da cidade
Vida nova aprendera em se viver,
Depois de certas luas tantas de idade,
O dialeto dos índios foi dizer
Obteve direitos de igualdade
E certas coisas teve que ceder,
O resto de sua vida assim viveu,
Até que na sua vez por si morreu".
19

"- Por esse tempo a terra explorada
Por gente de outros bem longe lugares
Queriam alguma coisa encontrada,
Muita tantas moradas foram lares;
Lugar vazio, depois bem empossada.
Homens simples ou tropas militares,
De gente numerosos vem chegando,
Terras e bens queriam muito pegando".



20

"- Mas antes no meio do povo silvícolas
Também haviam heróis desconhecidos.
Caçadores, ferreiros e agrícolas;
Homens entre si bem reconhecidos,
Satisfação de orgulho em senti-las,
Na dor, na paz também, ou se feridos.
Dessa gente que agora falarei
E prestem atenção que iniciarei".



21
"- Esta terra que era antes virgem
Caaeté27 intocável ainda pelo branco
Que bem desertas de gente e dizem;
Nativos livres sem saber de santo,
Dos seus costumes nada que nos ferem
Porque se olhar lá do alto barranco,
Não olham o bastante para ver
Os índios bem felizes a viver."



22
"- Sempre viviam em grupos - sociedade.
Cacique era o chefe de sua tribo
Onde os outros deviam toda lealdade
E seguiam-no se mesmo fosse ao limbo,
Liderando os seus da comunidade.
Mesmo sem o maléfico feitiço.
Também havia o pagé, o curandeiro
Voz divina dizia ser verdadeiro."


23
"Oca e maloca era a moradia
Onde podia tocar seu guarará28;
Que ao som desta fazia sua catira29,
Ouvindo também som do maracá.30
Sempre da ocasião, vinha boa alegria,
Consumindo o gostoso guaraná.
Eles ornavam com acangatara31,
Belos desenhos de seus coatiara32."



24

"Irrompendo o quiriri33 da floresta
Continua agora o som do seu boré34,
Com aracati35 embala grande festa
Fazendo continuar belo sairé36.
(Alegria não tem mesmo como esta.)
E dando todo ânimo , ao pagé.
Movimentada gente faz reunião,
Simpática festança com união."




25

"Grandes deuses também eles adoram:
Como o sol, que se chama Guaraci,
Criou todos seres que riem e que choram.
Também dos sonhos :o Jurapari,
Este perto, ninguém quer e imploram
Para o máximo e bem longe de si,
Considerado muito mau de espírito
Aperta a garganta onde sai o grito."




26

"Quem criou os vegetais grande deus Jaci,
Na lua sua imagem é glorificado ;
É mais um preferido de Tupi.
É por todos deus bem santificado,
Nume da nação Toda Guarani
Forçando para o alto ser olhado.
Outro deus é Rudá, deus do amor,
Contém muitos adéptos em favor."



27

"Protetor da caçada é o Caipora,
Grandes pêlos em seu corpo coberto.
Conhecido também como Caapora.
Como de caçadores é repleto
Que vem para a floresta lá de fora,
Surge na frente dos homens, espéctro;
Só de se ver, desgraça o caçador
Que foge desse grande protetor."



28

"Currupira, protetor das florestas
Toma conta de tudo examina,
Olha de longe os índios dançam festas,
É contra quem floresta extermina;
Se precisar enfrenta até setas
Dos exterminadores que fulmina.
Pés avessos, cabelos bem vermelhos,
Não o enfrentar é dos bons grandes conselhos."



29

"O deus dos campos: grande Boitatá
Não deixa que a floresta peque fogo;
Está sempre em alerta para apagar.
Para os índios não falta santo rogo.
Tem outro deus da selva: o Anhangá,
Espírito mau, não se faz de tolo.
Ainda tem um outro: o Virapuru
Que também se conhece Trapuru."


30

"Assim o índio no seu Jereré37
Ou no rio navegando em sua Igara38,
Passeando perto de um Igarapé39
Talvez pensando ver a bela Iara
Procurando feroz, um jacaré;
Caçando com extensa longa vara,
Tem direito de ser feliz e livre
Morando na floresta sobrevive."




31

" Continuarei a contar- vos ó entidades
Várias ocupações bem dessas terras
Que para muitos trouxe as saudades,
Quando muito lembramos outras eras.
Outros tiraram terras por maldades,
E por isso fizeram muitas guerras.
Pois de muitas pessoas era preciso
Para a terra aqui ficar conciso."




32

Então Apolo, de Zeus que é querido
Com voz gutural disse: "Nos diga,
De Enéias, o seu pai fosse esquecido40,
Sempre se andasse a pé ou com a biga,
Como de Tróia ele se deu fugido;
E em Roma fazer sua grande liga41,
Fazendo ai de seu povo fundação
No futuro faria grande nação."





33

Gonçalves para Apolo respondeu:
"Tu, grande e poderoso imaculado,
Da sabedoria que deu Prometeu42
O viver nos já era vinculado
E substituir do que bem morreu.
Suprimindo do que tem acabado.
Mas se Roma tornar aqui ser criada,
Seria uma raça forte misturada."


34

"Vindo pelo Tratado Tordesilhas
Que em quinze divisões da extensão,
Para doze fidalgos foi confiadas.
Aos cuidados e para medição,
Portugal ficar donos confinadas
Não deixando cair a qualquer ladrão;
Tomar conta com todo interesse
E continuar com quem a merecesse."



35

"Pela grande extensão do litoral,
Dificuldades tinham de guardar.
Inimigos que vinham em geral
Todas coisas do Brasil pra pegar.
Vinham famintos como temporal
E os portugueses tinham que se armar;
Então implantou-se as Capitanias
Pra tentar acabar as vilanias."



36

" Só duas capitanias prosperaram:
Foi São Vicente e com Pernambuco;
Bem administrada avançaram
Com resultado foi dando bom fruto.
De todo esforço de quem trabalharam;
Mesmo da diferença tanto muito.
Tomar conta e cuidado e interesse
Fazendo sempre para que crescesse."

37

Em Pernambuco Duarte Comandava.
Com sua família veio como colono,
Na gleba trabalhava e semeava.
Duarte Coelho mandava como um dono;
Bem administrava e mandava.
Realizava o seu trato todo ano.
Muitos colonos junto dele vieram
Para bem fazer grande , e o fizeram."



38

" Sábio criou quatro núcleos diligente;
Fundou também Olinda como vila,
Vila que prosperou com muita gente
De forma como molda a boa argila.
Progressista mantinha eficiente;
O crescimento se fez em construí-la,
Comemorando o que com suor constroem.
Enfrentam obstáculo, não fogem."



39

" Mas foram construídos os engenhos.
Geraram grandes fontes de riquezas
Com suor e esforço, grandes os empenhos.
Cresceram com volumes ligeirezas
Não pouparam, fizeram ser ferrenhos
Mantendo belas claras naturezas.
Tinha a cana-de-açúcar a cultura,
Também o arroz e trigo se figura.



40

Coelho venceu os Caetés que agressivos
E prosperando sua capitania
Se fez para os vários seus amigos;
Regendo peso de soberania ;
Mantinha assim formados e passivos,
E sua fama perene guardaria.
Pernambuco estaria à prosperar
E receber aqueles que chegar."
41

" Mundo novo também tem vida nova.
Esta terra que atraiu muita cobiça,
Que no princípio só tinha tanta oca,
Contra os brancos silvícola feitiça.
Multidão que invadiram com a tropa,
Guerreando porém, sem qualquer preguiça
Bradam com sons de guerra conquistar,
Para os seus reis aqui querem mandar."



42

“ Desejando fundar a França Antártica
Os franceses que no Rio de Janeiro
Cobiçavam em criar como uma mágica,
E com todo seu poder financeiro
Fizeram industriosa sábia tática
Invadindo estratégico ligeiro;
Villegaignon, peça de seu rei
Da França, aquele que era a alta lei."



43

" Situação do Brasil era bem grave,
O Rei de Portugal bem que nomeou
Mem de Sá que em sua rápida nave
Com os seus homens no Rio ele ancorou;
E para com o seu Rei a lealdade
A defesa se ergueu e bem se travou.
Veio para vencer e guardar Brasil
Com todas as suas armas e seu ardil."


44

" Padre Nóbrega para ele mandou
De São Vicente armas e reforços,
tropas a Mem de Sá bem auxiliou
Com boa vontade que todos esforços;
Grande vitória brava conquistou,
Causando fama aos Gálios43 são malvados ;
Garantindo assim grande liberdade,
Rio de Janeiro livre de verdade."

45

" Por duas vezes mais, fortes os franceses
Tentaram conquistar os assentados
Nessas terras que donos portugueses,
Donde sua posse se fez contemplados.
Só deles e nem dos lordes ingleses;
Então as tropas fizeram os barrados
E novamente foram que expulsos
De todo litoral tão bem exclusos."



46

" Outra invasão foi a dos holandeses
Quando o Brasil já não mais pertencia44
Aos donos invasores portugueses,
Mas aos espanhóis que já então exercia
Mando, ganho nas leis causas forenses.
Toda parte das terras garantia
O comando por algum tanto tempo
Que conquistaram sem a guerra cruento."


47

" Numa das invasões, foi a segunda,
Em Pernambuco, como governador
Maurício de Nassau, que fez fecunda
Tarefa como um bom executor,
Reflexo da nação vem oriunda.
Para as obras mostrou célebre criador,
Fez Maurícia na ilha Antonio Vaz
E por esse período teve paz."


48

" Mas Nassau à Holanda regressou,
Depois que tudo quase foi cumprido;
Aconteceu que a paz todo acabou
Contra a carne inimiga foi ferindo,
Todas hostilidades começou
Para que retornassem, foi exigido,
Em Pernambuco fez-se insurreição
Dos Guararapes para expulsão."

49

" Houve vários e bravos nas batalhas
Dos Guararapes é que foram duas
Com sofrimento igual das Azagaias45;
Fogo, flecha soltaram mortes cruas.
Nos litorais correndo para as praias,
Nas areias livres armas também nuas.
Assim, os holandeses que voltaram
Embora onde seus lares ficavam."



50

" Este episódio me fez bem lembrar
Os troianos que também foram expulsos;
Que Virgílio tão bem fez-se narrar;
Chegando na Lavínia de intrusos,
Contra dos litoral para guerrear,
Enéas teve seu povo bem unidos.
Assim no Brasil forte preparava
Para a sua liberdade brilho raiava."


51

" Estas terras de gente que vazias
Precisava ser toda desbravada,
Conhecer e bem saber todas vias
Em regiões do sertão desmatada,
Entre montanhas, vias, vales, bacias
Enfim, a natureza encantada;
Descobrir ouro, prata e riquezas,
Metais que nos atrai as suas belezas.


52

" Caminhavam os homens ao Sertão
Que penetravam no desconhecido;
Partindo em grupos por expedição
Tentando ficar rico ou falido.
Mesmo enfrentando risco com tensão
E perdendo suas coisas foi sumido,
Enfrentavam coragem aventura
Buscando uma melhor vida futura."
53

" Carreiras de bons homens bem valentes
Líderes comandavam as entradas,
Enfrentando frio, fome, vidas quentes;
Mas os civis faziam bravas bandeiras
Pelos mesmos caminhos existentes
Das selvas, matas, vales e pedreiras.
Sol, chuva, calmaria e com tempestade
Com força rijo da vitalidade."



54

" É mencionado de que foi primeiro:
Valente, o tal Américo Vespúcio.
Partiu com a sua nau forte ligeiro
Considerado como ser prenúncio
Das viagens que viriam de seu roteiro.
Ficaria conhecido por anúncio,
São Vicente ao Peru, tão longas viagens,
Fez desbravando várias as passagens."



55

" Outros seguiram por essa façanha,
Rapôso sobrenome foi Tavares,
Coragem destemida foi tamanha
Alcançando diversos patamares,
Indo na natureza bem estranha;
Seu caminho por terra e não por mares.
De São Paulo sua viagem começou
Em Rio Grande do Sul ele alcançou."




56

" Outro : Anhanguera, passo deu também,
É Bartolomeu Bueno o seu nome
Apelido que teve por alguém;
Não deixou de passar sorte de fome
Mas se levantou com força , contém,
Pois, qualquer coisa pega e consome.
Préstimos as bandeiras bem serviu
Fazendo a sua missão também cumpriu."

57

" Fernão Dias Paes, um dos mais corajoso,
Devassou o sertão de Minas Gerais.
Famoso por ser muito valoroso
Atravessando matas, capinzais ,
Gramas como tapete volumoso
Abrindo densas matas com metais,
Pensou nas pedras verdes tão sonhadas
Que um dia alguém achou ter encontradas."



58

" Corajosas bandeiras intrigantes
Desbravando nas terras que marchavam
Abrindo vales os itinerantes,
Em subidas e retas caminhavam
Em lugares deixavam os sitiantes;
Deixando quem quiser ali ficavam,
Pois, nem todos a reta se seguia
Faziam do lugar a sua moradia."



59

" Nas bandeiras figuram muita gente
Como os índios, mulheres e crianças
Acompanhavam quem ia pela frente,
Todos juntos nas longas andanças
Dos poeirentos os passos do dia quente,
Carregando no fardo as esperanças
Do prêmio de seguir em todas viagens
Cães , galinhas, carneiros, suas bagagens."



60

" Entradas e bandeiras ajudaram
Com suas expedições a penetrar
Nos quatros cantos que onde marchavam,
Em todo o Brasil bem fez-se encontrar
Nos lugares nos pontos que paravam
Muitas terras também foi conquistar.
Vejam agora toda esta extensão
Os bandeirantes teve obtenção."
61

" Mas liberdade ao povo floresceu,
Crescendo como cresce a vontade,
Livrar de Portugal aconteceu.
Essa idéia radicando igualdade,
A todos brasileiros bem cresceu
Pensando buscar a modernidade.
Buscando uma nação tão permanente,
Justamente que se guie livremente."



62

" Com homens simples ou bem importantes
Que em vários e secretos são os votos,
E que de atalaia tinham informantes,
Destemidos que nunca se viam mortos
Porque eram desejosos de amantes
E nada o que mudar todos seus modos,
Faziam de seu silêncio depender ,
Somar os integrantes em crescer."



63

" O Brasil amarrado por grilhões
Sugado pelo egoísmo da riqueza
Que muito retirada de milhões
Provocando a moral na sua fraqueza
E revoltando todas multidões,
Mantinham ideal com muita firmeza.
O povo cada vez mais oprimido
Não suportava ser muito sofrido."



64

" Mas as vozes destes homens gritaram,
Teria que cessar sorte de martírio
Valentemente forte desejaram,
Pois, outras nações que livre alívio
Dos colonizadores despejaram
Dependência forçada do convívio,
Dessa forma cresceu contaminando,
A liberdade foi iluminando."


65

" Um homem importante : Tiradentes,
Com outros idealistas decididos,
Foi grande líder dos inconfidentes
Que surgiu em Vila Rica, tão obtidos
Pela visão além dos excedentes,
Revelando com fatos ofendidos
Dos governantes braço de poder
Impondo ao povo força pra temer."



66

" Outro homem de íntegra coragem:
Tomás Antonio , de alcunha : Dirceu;
Para a Bahia deixou de seguir viagem
E em Vila Rica foi que bem viveu.
Bela doce Marília na paisagem
Bucólica, Tomás muito escreveu,
Na espera da derrama, a maldita
Que gerava pobreza corroída."



67

" E tinham outros homens: o Marciel,
Cláudio Manuel da Costa, grande bardo,
Que foi amigo do Padre Rolim, fiel
Que assumira também cota do fardo,
Sonhando no fim em abrir tonel
Festejando vitória sem o dardo
Pois, queria liberdade sem violência
Por isso que pregava para audiência."



68

" O movimento dos inconfidentes
Mineiros acabou (traído o segredo),
Trouxe desagradáveis incidentes
Deixando muita gente com o medo
De outras traições daqueles que fielmentes,
Ao governo que bem prestam direito.
Prisões foram feitas aos infelizes
Interrompendo todas diretrizes.

69

" Tiradentes que teve toda culpa
Para salvar os outros da má sorte
No tribunal dos juízes, sofreu julga
Injustamente para que a morte
Enforcando o seu corpo após luta
E depois retalhado com o corte.
O povo Tiradentes mais celebra
Considerado grande mártir era."



70

" Aqueles de Ouro Preto onde moram
Degredados em outras longas terras,
Suas famílias saudades que choram
Enjaulados com ferros como feras,
Pedindo com fé - Deus força rezavam,
Os seus futuros vinham como eras,
Prisões para alguns é pior que a morte,
Para os outros é tempo de mais sorte."



71

" Não fiqueis assim tristes divindades
Pensando que depois do sacrifício
E lutas ficaríamos nas maldades
Dadas pelo governo em ofício,
Sem esperança grata liberdades,
E desistir de mais outro comício;
Liberdade que todos almejam
Quando conseguem, muito festejam."



72

" Com ideal que não vai sem conseguir,
Da grande extensão de população
Queriam os seus destinos definir
Buscando com mãos dadas com união,
Nessa mesma vontade de surgir
Um futuro de paz e uma nação
Não querendo mais perder a riqueza
Que saia toda daqui para a alteza."
73

" Chegava no auge com tantos momentos
Contra os dominadores que faziam
Evitar tudo e qualquer movimentos,
Matando vários corpos que jaziam
Mortos sem conseguir os seus intentos
Cercar ideais do povo matariam,
Com que foi nosso orgulho humilhado
E a moral caída como que surrado."

74

" Mas a esperança que vinha mostrada
Com determinação bem persistente,
E um homem preferido governava,
Era Dom Pedro que sendo regente
A nação também ele a admirava.
Vivia aqui com amor tão contente;
Com ele as liberdades nasceriam
E todas as vontades venceriam."


75

" Foi Dom Pedro querendo muito fazer
E sem nenhuma vítima ou morte,
Fome, flagelo ou dor, mas por dever
E autoridade maior pelo seu dote,
Da grande aspiração do bem querer,
Bem consciente fazendo não por sorte
Mas vontade de espírito valente
Que era natural dote freqüente."


7 6

" Então aconteceu que em grande viagem
De onde o Rio de Janeiro ele partiu
Com sua guarda de enérgica coragem
De perto em atalaia bem conduziu
E em Pindamonhangaba46 como pagem
Bem mais guardas de honra garantiu
E testemunhariam o que entretanto
O que a história fosse registrado."

77

" No Rio Ipiranga às margens gritou,
Desarmando as algemas presilhas,
Independência ou morte declarou
Com determinação, sem as mentiras,
A aspiração do povo realizou,
Com ares para novas alegrias
E esperança esperada tão bendita
Da pátria libertada e querida."




78

" O Brasil declarado totalmente
Livre de Portugal colonizador,
Fez grande festa dada alegremente
Como a Copa do Mundo foi vencedor.
O que sonhando fosse bem realmente
Vivido e bem sentido sem temor,
Com nobreza, razão da honradez
Sinceridade, força e lucidez."



79

" Pela graça divina não escorreu
Nenhum sangue ferido acertado;
Só a espada que empunhada alto ergueu
Montado num cavalo acomodado,
Dom Pedro, dos contrários não temeu
Que se viesse acertá-lo encontrado
Pois como um manto de esperança cobre
Força do povo com sua alma nobre."


80

Pausou Gonçalves para refletir
Todos itinerários que passou,
Vendo amor da pátria bem sentir
O quanto realizado conquistou,
Pedindo a Deus em quando conseguir
Este momento que se libertou,
E como brasileiro é contente
De imaginar o fato alegremente.

81

E Gonçalves olhando para aqueles
Seres do Monte Olimpo esperando
Grandes fatos narrados, seus dizeres
História brasileira que passando,
E os homens que fizeram seus viveres.
Dessa forma Gonçalves foi narrando,
Não tão bem como o poeta da Ilíada
E nem o português cantou Luzíada.


82

E como foi os lendários tão divinos
Deuses de raças fortes e guerreiros
Dos gregos e romanos, os latinos,
De formas iguais de ambos derradeiros
Que cantados em vários belos hinos,
Sem a razão ou de forma justiceiros
Credores portadores diligentes
Figuradas montadas reluzentes.



83

E começou a narrar de outro fato
De quando o Brasil já independente,
Participou da Guerra desagrado,
Mas com muita coragem de valente;
Que na época foi dito relato
Da forma que foi luta persistente.
Guerra do Paraguai que iniciou-se
Feroz vontade por luta guerreou-se.




84

" O Paraguai querendo bem ampliar",
Disse Gonçalves já para assembléia
E continuou: "Buscando ter o mar
Para ter melhoria a gente pebléia,
Mas foi mais por ganância em conquistar
E realizar desejo bem etérea,
De Francisco Solano Lópes bem,
Nessa época que governo tem."


85

" A guerra teve triste e mal começo
Lá pelo Mato Grosso invadido
Onde se destacou Pôrto Carrero47
Com menos homens não se deu rendido
Por suas forças rezando com o terço,
Recusou a ceder para o bandido.
Outro herói foi Antonio João, valente,
Em Dourados48 que se fez resistente."

86

" As unidades da nossa esquadra
Sob o comando de Manoel Barroso49,
E muitos homens com a força brava;
No Riachuelo batalha valoroso,
Lançou barco Amazonas, foi jogada,
Impossível contra ataque de fogo;
Dando muito prejuízo para Lópes
Que sentiu também vários fortes golpes."


87

" Humaitá50 poderosa fortaleza,
De comando da gente inimigas
Cercada com corrente muito presa;
Por Delfim Carlos que foram rompidas
Deixando livre forte correnteza.
Para passagem das naus envolvidas.
Destacou também Silveira da Mota
Barão de Jaceguai, que fez tal rota."


88

" Duque de Caxias, foi outro lutador,
Bravo representante grande exército;
Várias vitórias teve o conquistador,
De seus homens, e seu também o mérito.
Venceu em Itororó, bem merecedor
De grande fama, é todo seu crédito:
(E sigam-me os que forem brasileiros)
Dizendo para seus bravos guerreiros."



89

" No final, o Visconde do Rio Branco
Organizou governo provisório
No Paraguai vencido, entretanto,
Lópes na resistência irrisório,
Continuava tenazmente lutando
na sua miséria glória ilusório,
Mas o Conde D'Eu, genro do Imperador
Que comandou a vitória vencedor."



90

" Lópes bem resistiu a perseguição
Durante sete meses persistente,
Fugindo dos ataques e pressão
Passando do limite existente.
Morto em Cerro Corá, seu coração
Parou, mas ele que foi excedente
Acabando assim guerra desastrosa
O Brasil saiu de forma vitoriosa.



91

" Fase triste foi o tráfico negreiro
Na História do Brasil assistiu.
Presos em suas aldeias pelo tumbeiro
Que ao navio Negreiro conduziu.
Já com má intenção fez prisioneiro,
Comprando com migalha seduziu
Dos sobas pelo preço não barato
Tinha quanto quisesse assim juntado."
92

" Chegavam pelas naus todos contados
Tristemente de formas muito incômoda,
Os rebeldes no tronco amarrados
Só se movendo com jogo da onda.
Homens, mulheres, crianças transformados,
Sem saber o futuro que os sonda,
Já saudades do lar eles reclamam
E pedindo aos seus deuses com fé clamam."



93

" Suas vidas consistiam só trabalhar:
Nas fazendas ou nas minas de ouro.
As negras faziam bem em cozinhar ,
E pela força aos fortes como touro;
Mas mesmo assim, sofriam em apanhar
No látego do feitor forte couro.
Doméstica mãe-preta amamentava
Os filhos, o senhor que se deixava."




94

" Os senhores viviam na bela Casa
Grande com todo e sóbrio mui conforto.
Os escravos moravam na senzala,
Estilo pobre quase ele todo,
Tristeza imposto faz que voz se cala.
Brilho natural vive como morto
Mas renasce na força da beleza
E na vontade da sua natureza."



95

" Quando o negro fugia era caçado
Por todos cantos que se estivesse;
Pelos capitães-de-mato no mato,
Onde negro nenhum não se esquece.
Quando preso com liame tão pesado,
Carregava da falta que merece
Incômodo pescoço torturava,
Dor sentida na pele e esfolava."


96

" Pela lei do governo regencial
Que foi proibir o tráfico de escravos,
Mas não impedia tal o fato desleal
E manter sofrimento dos coitados
De forma triste coisa muito real
Desumanos de serem maltratados.
Mas ua luz surge nas idéias nascentes
Com homens lutadores e valentes."



97

" A escravidão tornava vergonhosa
A moral de pessoas sã e honestas,
Resolveram mostrar luz ua radiosa
Contra a escravidão mais que funestas
Ações de delinqüente monstruosa.
Os abolicionistas com as metas
Surgiram contra toda malvadeza
Bem apoiada também pela princesa."



98

" A Princesa Isabel que libertou,
Por fim e por coragem os escravos
Na famosa lei Áurea que assinou
Para alegria daqueles rejeitados.
Festa que a nação toda celebrou
Com muitos brasileiros encantados,
Mais uma liberdade que surgiu
Aqui no Brasil pois bem insistiu."




99

" Os ânimos que muito controlados
A consciência dizia não suportar
Aquela situação inconformados,
Só então restava fazer libertar
Para alegria com todos estampados,
Realidade de fato em aceitar,
Descortinado pano tão escuro
Da vergonha que olhando pro futuro."
100

" Dessa forma maldade foi cessado,
Um grande erro gravíssimo dos homens
Em bom tempo a consciência é notado;
Mas como radicais com os seus totens
Continua o negro bem discriminado,
Seja criança, mulher e todos jovens,
Mas continuamos a discriminar
Não medindo razões para julgar."


101

" Agora na História bem recente
O Brasil teve sua revolução
Com lutas e martírio indecente.
Os próprios brasileiros sem união,
Dificultavam suas idéias coerente.
Os ânimos se foram dispersão
Turbulento foi fato da História,
Onde brigaram muito por vitória."



102

" República surgiu chamada Nova
Com o Getúlio Vargas no governo
Que assumiu dirigir por dura prova,
Com ameaça de fogo a si certeiro;
Seu jeito conhecido que adota
Não consegue calar qualquer morteiro.
Trabalhou dando mui vários progressos
Mas mesmo assim não parou os protestos."



103

" Mas teve inevitável, o conflito51
Onde as armas punhou o povo paulista
E as seguidas batalhas que surgido,
Tentando bravamente sua conquista
Mas só que no fim caiu-se bem perdido,
Na sangrenta cegueira e maldita.
Só não teve vitória de ninguém
De quando a ignorância tem também."

104

" Terminada esta guerra que foi interna,
O Brasil entrou noutra grande Guerra52,
De porte mundial, fora na externa.
Homens representando nossa terra,
No coração aguardam força eterna
E baioneta que fincam como fera.
Brilhou vitória em Monte Castelo,
Mostrou valor valente e não etéreo."


105

" Depois disso veio nova fase boa;
A industrialização vêm progressista
Deslumbrando visões bem alto voa,
Sofrendo sugestão de idealista.
Com oportunidades, sobra e doa
Surgindo crescimento bem realista
Fazendo um Brasil valor de progresso,
Com oportunidade sendo ingresso."


106

" Seguiu-se a ditadura militar53
Por duas décadas não tão que tranqüilos.
A censura se fez em seu limiar.
De época com seus vários estilos,
Com hippies : paz e amor desfilar.
E a seleção campeã com seus tri títulos
Fez sentimento de nacionalismo
Aflorar muito valor patriotismo."


107

" Bem, nos anos seguintes ressurgiu
Que devido a abertura do regime
Militar, multidão que se reuniu
Pelas Diretas Já, e que bem firme,
Resoluto votar se decidiu
Num presidente forte e que ensine
A democracia com a liberdade
E que governe para a sociedade."


108

" Tancredo Neves foi bem escolhido
Representante sonho brasileiro,
Depois de muito tempo reprimido
Repercutindo caro no estrangeiro,
Mas foi fatalidade a nós surgido,
Pela sua morte trágica traiçoeiro,
Cantando Coração de Estudante
Lembrado imagem sua sempre constante."




109

"Durante idos nos anos noventa
O povo brasileiro mesmo sendo
Alegre, sofre com tanta contenda.
Sempre com sua vantagem se perdendo,
Sonhando ganhar loto ou na sena,
E muitas filas, pobres concorrendo;
Com a globalização nas instâncias
Forçando muitas grandes mudanças."




110

Gonçalves fez ua pausa se calando
E olhando para Zeus que decente,
Majestoso sentado observando
Curiosidade fato e contente
A bela narrativa aprovando
Aquele homem bem ali presente.
Que voltou a dizer: "Mas neste momento
Faço terminar o meu depoimento."




CANTO IV


Sinopse: Gonçalves termina a narração da história do Brasil; Gonçalves pede para voltar aos seus amigos; Hera acusa-o de não ser um herói; Atena defende Gonçalves e pede uma chance à Zeus; Gonçalves é enviado para uma floresta para ser provado que é herói; encontra Jati; o índio Jati fala-lhe sobre um mágico com grandes poderes; Gonçalves e Jati chegam ao castelo do mágico; para derrotar o mágico Gonçalves aceita o desafio de quebrar a pedra que dá força ao mágico; só os puros podem quebrar a pedra , quem não for se tornará escravo do mágico; Gonçalves quebra a pedra e derrota o mágico libertando toda a floresta de seu domínio; Gonçalves acorda rodeado por seus amigos e viu que tudo foi apenas um sonho.



1

" Por isso divindades vos suplico
Deixem-me retornar bem na seqüência
De minha vida rápido rompido,
Pois que estão sentindo minha ausência.
Estou cansado e meu corpo sofrido
Nestas horas presente na audiência
E os meus subordinados são perdidos?
O que poderia ter-lhes sucedidos?"


2

Silêncio se fez no paço divino
Como que refletindo o narrado
Por Gonçalves com fôlego felino,
Ficou para deus Zeus que ali sentado
Parecia simplesmente refletindo
A história do bardo bem contado,
E esperando resposta do pedido
Gonçalves queria que fosse atendido.


3

Mas com seu arco ao corpo entrelaçado
Apolo disse para a assembléia:
"- Desde que vi o céu grego estrelado
Na já narrada grande obra epopéia,
Pelo nosso Homero bem cantado
Como na Ilíada como na Odisséia,
Nunca pensei encontrar grande nação
Que iria me provocar nova emoção."



4

" Sua gente, seus heróis e todas lutas
Seguiu a liberdade tão querida,
Em tanto persistir vários e muitas
Portas de dor e espinhos preferida
Pra ter vitórias que sofridas mudas,
Não deixa depois pra ser preterida
Porque só é caminho razoável
Para ter liberdade memorável."



5

" Que importa o ódio dos fortes grilhões
Se é tamanha quão grande coragem,
Que multiplica a força de trovões
Tornando-se guerreiro tão selvagem.
Lança dardos ou tiros de canhões
Lutando com respeito sem pilhagem,
Pois provocar o leão faminto e preso
É forçá-lo a lutar com força e peso."



6

" Brava e forte é a gente brasileira
Tão muito resistentes como os troianos,
Contra os egeus lutaram sua bandeira
Por dilatado dez os longos anos.
Na fileira se lança altaneira,
E vários alaridos foram tantos.
Assim Zeus, senti muito bem contado
Satisfeito fiquei com o narrado."


7

Hera com ira rouca interrompeu,
Para Gonçalves dedo apontava,
Ele que a todos pronto respondeu,
E oratória brilhante dominava
Com seu esforço todo bem cedeu,
Não sabia o que ali ora se passava.
Hera ao contrário Apolo replicou
Que com sua opinião disse e discordou.



8

À todos em tom claro disse forte:
"- Como acreditar que um povo do nada
Cresça, domine e lute até a morte,
Tem liberdade só erguendo espada,
Parecendo somente sua boa sorte.
Gonçalves é guerreiro força inata?
Como acreditar na força bruta?
O herói está no sangue que luta!"



9

Atena deusa bela retrucou:
"- Acreditamos sim, se ele presente
É porque sua virtude conquistou,
E forte resplandece ser valente
Pois vejo sua aura desde que chegou
Porque ilumina nave reluzente,
Não é só eu, mas todos conhecemos
Um corajoso quando nós o vemos."


10

Silêncio quando Zeus se levantou,
Para Gonçalves passo dirigiu
E em sua frente voz grave declarou
Sendo à todos seu olhar atingiu:
"- Deverás mostrar força que implorou
Que o seu povo possui, se que existiu,
Lutarás se valente e ou guerreiro54
Mostre sua raça, vamos, brasileiro."

11

Estranha e tão difícil emoção
Vendo no compromisso que Zeus disse,
Muitas coisas passou no coração
Pois, o que poderia deixar-lhe livre
Sem ninguém para ter-lhe compaixão.
E estas coisas estranhas do que vive
Agora querem lhe cobrar ruim prova
De coragem e força teste cobra.



12

Em sua frente viu ua porta que abriu
E aos deuses fez-se em desaparecer
Sem nenhuma palavra que emitiu,
Seu corpo todo gélido estremecer
Caindo com seu sentido que sumiu.
Irresistível teve força ceder,
Assim ficou sem todos os sentidos
Caindo os braços e pernas estendidos.



13

Acordou tonto em negra escuridão
Pois, lentamente viu belo clarear.
Seus sentidos voltou do turbilhão,
Mais fácil podia firme examinar
Mas não entendia sua nova situação;
Não conseguia bem firme raciocinar.
Tateando procurou ficar de pé
Acreditando muito tinha fé.


14

Num tempo sem sentidos que exatos,
Estranhou no lugar em que estava.
Observou paisagens bem pintados
Natureza belíssima gravara
E os perfumes nos ares exalados
Reanimando o seu corpo relaxava,
Pois lugar bem melhor que a assembléia
Ficava como teve por platéia.

15

Porque em sua volta ser bem diferente,
Matas e campos são arborizadas.
Belo canto dos pássaros freqüente
E muitas aves voavam encantadas.
E bem perto dali um rio corrente,
Águas puras que são cristalizadas.
Deixando-o encantado nova imagem
Da tropical floresta a paisagem.



16

Sem saber o que mais se podia fazer
E a solidão do vazio abandono,
Os amigos em sua mente veio trazer
A separação desse mal transtorno
Que nunca pensou neles não esquecer.
Pensando nessa forma no retorno
Depois que essa má fase perigosa
Enfrentaria de forma corajosa.



17

Então no meio das selvas e dos cravos,
Dor no peito de força quis possuí-lo,
Mas se desfez soltando altos brados
Altos, fortes a quem pudesse ouvi-lo:
"- Com os meus marinheiros , meus tão caros
No mar meu ideal buscava em segui-lo.
Estava para a pátria trabalhar
E porque não dizer, também lutar?!"


18

" Se digo livremente minha fala,
Digo para soltar meu desabafo.
Minha paciência passa por irada
E me sinto joguete como escravo.
Para toda ferida não curada
Qualquer um sentiria arrebatado
E o que querem ? Estou só no limiar?
Pois se tenho a tarefa terminar!"


19

" Quem quer e tenha-me aqui jogado
Separado de todos marinheiros,
Sai e apareça para ser mostrado!"
Gonçalves como em terra de estrangeiros
Ficou parado bem que desconfiado
Queria se encontrar com seus companheiros.
Não ficando parado por medroso
Mas preparado como corajoso.


20

Ilumina feliz bela lealdade
Apesar de confuso sua razão.
Corajoso caráter de bondade
Bom o simplório casto coração.
E observando sua sinceridade
Tinha lógica e tinha sua emoção,
Mas mesmo assim silêncio persistiu
Das coisas e das vozes não ouviu.



21

Num estado de clara lucidez
Sentiu a realidade acontecido
E a razão em sua mente se refez.
Agora estava tudo entendido,
Provaria a sua força de uma vez,
Pois, sua honra já pôs comprometido
Perante aquelas todas divindades
Que querem saber várias as verdades.



22

Mas grande preocupação bem sentiu
Guando na tempestade foi jogado
De toda tripulação se dividiu
Ficando ele nas ondas agarrado,
Lembrava apenas disso, pois sumiu
Sua razão que ficou desmemoriado.
Será que os marinheiros se salvaram?
E os que caíram no mar muito nadaram?

23

A apreensão em seu peito é sentida
Pois gostava demais de toda gente
Que com finalidade era unida;
E enfrentavam com força extra valente
Mesmo se o coração fosse ferida.
E a moral era reto e decente,
De brilho de empatia para entender
E a quem precisar vai logo socorrer.



24

"- E eu", pensou Gonçalves, "-Nesse tempo
Desacordado em más dificuldades,
Assim deitado sobre o relento.
E depois fui parar nas divindades
Principalmente Zeus muito sedento
Contei-lhe o Brasil todas as verdades."
Dessa forma Gonçalves foi pensando
No acontecido pasmo meditando.



25

Começou a caminhar sem um destino.
Se refrescou na água da ipueira
Que frescas sentiu o seu gelatino
E se lavou tirando sua sujeira
Preparou longa ida no caminho
Perdido pela brusca capoeira.
À sua frente destino caminhou
Dentro do caeté fundo bem entrou.



26

Mas de repente alguém pulou em sua frente
E rápido empunhou sua forte faca
Esperando que o ataque do outro tente;
Mas silêncio surpreso sem que nada
Dizer para Gonçalves o que sente
Pois ali um índio que surgiu da mata
Apresentava modo apavorado,
Mais do que atacar, mas sim assustado.
27

Gonçalves que rompeu o silêncio disse:
"- O que queres de mim? Porque me ataca?
E porque de repente assim saíste
Da profunda escondida funda mata?
Tão repentinamente bem surgiste!"
Índio dos lados deu outra olhada,
Abaixou seu quicé com toda calma,
Com outra mão pegando uma palma.



28

Então para Gonçalves ele falou:
"- Eu sou Jati e estou te observando
Desde o momento que dali acordou
E te segui atrás quando mesmo andando.
Também te vi no rio, o rosto molhou;
E ficas para o nada a si falando
Mas falando sozinho tão demente,
Está louco ou como que doente?"


29

Gonçalves ficou ali muito surpreso
E mais tranqüilo para ele falou:
"- Sim, estou doente mas por desespero
Pois minha grande igara afundou
Na fúria da borrasca que traiçoeiro,
E de repente tudo acabou,
Meus amigos saudades não perdi
Desacordado com sono senti."



30

Para o índio Gonçalves perguntou:
"- E tu guerreiro, quem é? De onde vêm?
Porque na minha frente tu pulou?
Mas para me contar você o que tem?"
O índio ordenou sua mente e falou:
"- Guerreiro branco triste é também,
Minha história vou te responder,
Da minha vida vou logo dizer."
31

Gonçalves vendo a sinceridade,
Guardou bem relaxando e confiando
O índio posto boa serenidade.
Deste modo ficou analisando
O grau de sua modesta sanidade,
Ficou aos poucos bem que enxergando.
E nas palavras que bem lhe dizia
Conhecia melhor como ele vivia.



32

Sentado os dois, foi Jati falando:
"- Meu nome é Jati, vivo nas terras
Que são estas matas forte abraçando.
Luto contra inimigos, também feras
E festejo com meu povo dançando,
São os modos do meu povo por eras,
Pois sou filho do chefe de meu povo
Que um dia vou bem comandar ele todo."



33

" Eu sei da grande igara sua perdida
Pois seus amigos brancos são os nossos
Cuidados após a luta vencida
Contra borrasca onde forte ossos
Ficaram são, mas com pele ferida.
Não se preocupe eles estão salvos
Agora estão bem calmos e cuidados
Estão bem recompostos e tratados.



34

" Eles contaram todo ocorrido,
Quando chegou depressa o forte vento
A tempestade e grande alarido,
Fez jogar a nau muito movimento,
Pensaram que tu triste jaz morrido,
Mas que bom, vejo-te neste momento
E nesta selva andando te encontrei,
Até que por olhar eu te acordei."


35

" Minha intenção não é só levá-lo
Para maltratar-te, sou de amizade.
Se eu puder quero muito ajudá-lo
Pois sei o que é passar fatalidade
E farei tudo para bem salvá-lo.
Digo-lhe isso de pura verdade,
Mas antes tenho que fazer disputa
E o céu verá precisa grande luta."



36

Jati então começou outra narração:
"- Há na floresta grande feiticeiro,
Mau e vilão conquistou minha nação;
Ele nos escraviza o mau embusteiro.
Seus poderes nos faz sua maldição,
E é esperto este maldito matreiro.
O meu irmão de sangue ele domina,
Junto com o meu povo ... mas que ruína."



37

" Meu irmão enfeitiçado se tornou
E Tabira que quase minha esposa
Sem devido direito ele a pegou,
Roubou-me com astúcia de raposa
Levando-a por mal dela se apossou;
Assim ela se foi bem vaporosa,
Ela mulher a mim foi prometida
Agora tudo está como perdida."



38

" Do mágico quebrar este encanto;
Existe poderosa grande pedra
Que fica na sua oca, em qualquer canto.
Enfrentarei tirando como ua fera
Que sua face vai ter grande espanto.
Tolo, atraiu para si uma grande guerra
Que hei de conseguir a liberdade
E meu irmão deixar toda maldade."


39

" O feiticeiro mora em assombroso
E protegido por grande pavuna,
Passar lá é difícil doloroso;
Sou forte e sinto tudo como pluma
E na alma me dá ira raivoso
Como animal sai na caça noturna.
A dor não tenho, que consigo ter,
A liberdade meu povo viver."



40

" Acabando o feitiço para sempre
Os meus guerreiros livres estarão,
E poderão ir embora toda gente,
Seus desígnios todos se farão;
Desejos poderão levar à frente
Conforto feliz bem que sentirão,
E Tabira também que voltará
Pra mim, fortes meus braços estará."



41

Desta forma Gonçalves que falou:
"- Vou te acompanhar nesta sua busca,
Vejo que meu ideal cedo não acabou,
Ajudá-lo irei nessa tua luta.
Acredito no que você contou,
O caminho difícil como gruta.
Junto com você seu povo salvarei
E logo com os meus também estarei."



42

"- Vantajoso será "- Disse Jati:
"- E você sendo um branco irá saber
Os feitiços malvados que já cai,
Tu talvez saberá como se fazer,
Você dirás a mim, direis a ti,
Trocaremos nós juntos o conhecer;
Tenho certeza, que teu forte peso
Deixará o malvado muito preso."
43

Assim na mesma hora eles foram
Caminhar pela mata que é virgem
Campos e outras colinas caminharam
Com muita tão vontade de vingarem.
Suas forças como duplas se formaram
Bravos definitivos exaltarem
Encontrando beleza e os perigos
Onde a selva oferece esses riscos.



44

No caminho Gonçalves alto disse:
"- Não é por ser um branco que conheço
Qualquer mágica, mas só se bem visse
Como se faz o truque do feitiço
Poderia pegar para que destruísse,
Pois sei que é bem forte o meu braço,
Mas existem aqueles que enganam
E nenhuma boa mágica emanam."


45

"Portanto" - continuou sua alta fala:
"- Nós deveremos ter muito cuidado
Para não cairmos em outra cilada,
Não deixar-mos cair no engano furtado
E nossa ação ficar bem calada.
Que nenhum corpo não ser machucado
Pois grande bem é astúcia das pessoas
Bem similar do ataque fera leoas."



46

"- Sábias palavras ó guerreiro branco"
Falou o bugre rendendo e continuou:
"- É verdade, há quem bate em manco,
Já vi aqueles maus muito judiou
Das fomes, dos perigos grandes quando
Do injusto aos outros que louco marcou
Sem escrúpulos nada tem justiça,
Enganam branco, índio e mestiça."

47

" Mas eu muito bem vi mágica pedra
Nas mãos do feiticeiro que brilhava
Mais bem parecia dura, que não quebra?!
Não sei, mas ofuscava quem olhava;
Olhando deixará talvez na treva.
Pedra que dava força ele somava
Conseguindo assim e de outras formas
Nos dominar e fazer as suas normas."


48

" Também recuperar e ter de volta
Tabira, Cunhã55 minha logo esposa,
E meu forte coração muito gosta,
Muito tempo esperteza de raposa
Aos berros desde a infância livre solta;
Tempos em tempos canta em viciosa.
Mas não posso perdê-la ó martírio,
Resgatarei com muito sacrifício."


49

"É legítimo tão meu de direito
Na luta cõ outros muitos pretendentes,
Consegui-la não tinha outro jeito
E fomos nós dois juntos bem contentes
Já nossa doce união bem pronta e feito
Muitas longas faríamos descendentes,
Porque o amor não é só de minha parte,
Então lutarei até que seja tarde."



50

Jati falara com muita emoção
Quando a noite surgia e negra turvado,
E os sentidos mostravam distorção
Se adaptando muito bem confiado
Como se faz e ocorre o coração
A cada coisa certo denotado;
Que pois, ainda pequena luz se via
Também silhuetas ver bem que podia.

51

Bem rápido chegaram ao castelo
E nas ameias sem guardas vigilantes,
Sem atalaias, sem armas nem cutelo
Muros altos, paredes bem gigantes.
Na entrada um portão grande amarelo
Com desenhos não muitos importantes.
Então entraram com passos bem seguros
Esperando com boas sortes futuros.


52

Caminharam por longos corredores,
Escalaram aclives as escadas
Fédidos, estragados os odores
Como carniças, velhas, estragadas;
As paredes escuras, sem as cores
Iluminadas por tochas montadas.
Não encontraram uma resistência,
Entraram sem nenhuma desistência.



53

Da escadaria chegaram num salão
Com criaturas que se aglomeravam
Feias e mais , como gárgulas no chão,
Risadas, alaridos que gritavam .
Num belo trono estava o mau vilão
Feiticeiro que todos o olhavam.
Gonçalves reparou num pedestal
Estava a Pedra Mágica afinal.



54

As criaturas num grande alarido
Cada um mais que o outro mais horripilante.
Lugar desagradável e perdido;
Mas para o vilão era hilariante,
Parecia tudo graça tão fingido
Exageradamente alta e gritante.
Gonçalves só via a Pedra que brilhava,
Tinha que destruir, ele só pensava.


55

O Mágico num gesto levantou,
Silêncio mudo de medo fizeram,
Para Gonçalves alto ele gritou:
"- Eu sei qual o motivo vocês vieram,
Mas existe uma regra"- ele falou:
"- Que inúmeros tentaram e quiseram;
A regra é ser puro em sua alma,
Só puro salvará dessa má trauma."



56

" Caso contrário meu escravo será;
És livre se quiser muito tentar,
Mas com certeza meu se tornará;
Valente se achar, vai logo quebrar,
Pois ao seu mundo não mais voltará."
Gonçalves com valente forte olhar
Silêncio se fez na expectativa,
Uma ação corajosa refletida.



57

Bem valente Gonçalves segurou
A Pedra que brilhava com força,
Mas nada aconteceu-lhe, então jogou
No chão que espatifou como louça,
Em mil pedaços fez quando quebrou.
Estridente barulho a quem ouça,
Então destruição grande aconteceu,
Sua pura alma fez luta quem venceu.



58

Como bem de repente se desfez.
Jati, o castelo, como o feiticeiro,
Tudo escuridão lúgubre outra vez;
Longas explosões, grande fumaceiro,
Tremendo a terra, com força que fez
Labaredas de fogo, bem braseiro;
De repente a consciência ele apagou
Aquele mundo todo que acabou.


59

Gonçalves ficou bem desacordado
Por uns poucos momentos de seu tempo,
Mas aos poucos voltando acordado
Se viu deitado na praia e suave vento;
Seus companheiros, grupo amontoado
Ao seu redor, felizes no momento
Todos estavam bem, Gonçalves não,
Mas se refazia para outra união.


60

Gonçalves surpreendido com estranho
Sonho quando ficou desacordado56
Longo e bem cansativo em tamanho.
Mas se tivesse que narrar honrado,
O Brasil outra vez quadro ornando,
Bem faria não de modo que sonhado.
Talvez foi o grande amor que no peito
Tem o Brasil guardado e tão bem feito.




1 Início da proposição (explicação). Um poema decassílabo heróico segue uma regra de cinco itens: proposição, inspiração, dedicatória, narração e epílogo.

2 Início da dedicatória.
3 Início da inspiração.
4 Início da narração.
5 Refere-se ao Canto I na descrição do navio que faz a ronda na costa brasileira.
6 Zeus - A maior divindade do Olimpo. Filho de Saturno e Cibele. Concebido inicialmente como divindade do céu e dos fenômenos atmosféricos, pouco a pouco adquiriu o caráter de deus supremo, imagem da justiça e da razão, da ordem e da autoridade. Onipotente, tudo vê e sabe, possuindo o dom de prever o futuro. É o rei dos deuses do Olimpo.
7 Olimpo - Nome de vários montes da Grécia: um na Mísia, outro na Cilícia, outro na Arcádia, outro na Élida e, o mais célebre de todos, nos confins da Tessália. Este era considerado a morada dos deuses e, particularmente, de Júpiter. Entretanto, aos poucos, o termo Olimpo desvinculou-se da montanha Téssala, para designar o lugar habitado pelas divindades.
8 Pireu - Cidade portuária da Grécia, localizada no Golfo de Egina.
9 Argo - Nave (barco) dos Argonautas construída, sob a direção de Minerva, nos bosques de Dodona. O termo significa "rápido".

10 Apolo - Deus da luz. Uma das doze divindades do Olimpo. Filho de Zeus e Latona. Apolo é representado sempre jovem formoso, sem barba e geralmente nu; quando assume a atribuição específica de deus das artes, aparece vestido com longa túnica.

11 Hera - Uma das doze divindades do Olimpo. Filha de Saturno e Cibele. É representada como jovem e bela mulher, severa e casta. Veste uma longa túnica e um véu. Tem na cabeça um diadema. Na mão, traz o cetro, em cuja ponta há um cuco e uma granada (pedra preciosa), símbolo do amor conjugal e da fecundidade.
12 Atena - Uma das doze divindades do Olimpo. Filha de Zeus e Métis. Ao nascer, já investida de armadura e capacete, emitiu um ressoante grito de guerra. Dotada de inteligência e sabedoria. Tornou-se conselheira dos deuses. Seus atributos eram a lança, o capacete e a égide, em cujo centro estava fixada a cabeça da Medusa.

13 Hefestos - Uma das doze divindades do Olimpo. Filho de Zeus e Hera. Deus que protegia os artesãos, era representado sob traços de um ferreiro de certa idade, feio, coxo e barbudo, de peito nu e pele luzidia suor. Tem a cabeça protegida por um gorro e empunha um martelo e tenazes.
14 Hermes - Uma das doze divindades do Olimpo. Filho de Zeus e Maia. É representado como um jovem nu ou vestido com uma túnica curta. Tem na cabeça um chapéu de largas abas, símbolo dos lucros no comércio.
15 Héstia - Uma das doze divindades do Olimpo. Filha de Saturno e Cibele. Era representada sob os traços de uma mulher jovem, com um véu sobre a cabeça e os ombros.
16 Poseidon - Uma das doze divindades do Olimpo. Filho de Saturno e Cibele. É representado com o tridente e sobre um carro puxado por cavalos brancos; cerca-se de seres marinhos de toda espécie.

17 Pégaso - Cavalo Alado

18 Cocito - Rio afluente do Aqueronte; também servia de comunicação com os infernos.

19 Ílion era o nome de Tróia, por isso a obra de Homero “Ilíada” onde narra a epopéia da guerra de Tróia, que durou dez anos.
20 – O mapa da Grécia parece uma mão aberta, assim como a da Itália parece uma bota.
21 Nortista - no sentido de que a Inglaterra está ao norte na Europa.

22 No dia 8 de Março de 1500, o povo de Lisboa corria às margens do Tejo para as festas de despedida a esquadra a partir para as Índias.
23 A frota de Cabral desceu até Belém, onde ancorou; e aí, na Ermida do Restêlo, ouviram os que partiam solene missa pontificial. Após o sermão de despedida, o prelado celebrante benzeu a bandeira da Ordem de Cristo.
24 "outros olhos.." eram os índios nativos que observavam os portugueses chegando.

25 Cabral era senhor de Azurara e de Belmonte.

26 Ibirapitanga - madeira de grande abundância que era assim chamada pelos selvagens que servia para fazer tinta vermelha tal como o pau-brasil.
27 Caeeté - Mata verdadeira, virgem.

28 Guarará - chocalho.
29 Catira - ou cateretê, dança com sapateados.
30 Maracá - Tambor
31 Acangatara - Cocar, ornamento de plumas para a cabeça.
32 Coatiara - Tatuagem, pintura feita em diversas regiões do corpo, com tinta de jenipapo ou urucum.
33 Quiriri - O silêncio misterioso da floresta.
34 Boré - Flauta de taquara.
35 Aracati - Vento que no Ceará, à noitinha, no verão, sopra de nordeste para sudoeste.
36 Sairé - Dança e canto dos índios da Amazônia .
37 Jereré - rede presa a um longo cabo de madeira, para apanhar camarões ou peixes pequenos.
38 Igara - Ou Ubá = canoa.
39 Igarapé - Pequeno braço de rio que apenas dá passagem para igaras.
40 Na destruição de Tróia, Enéias fugiu levando o seu pai Anquises nas costas.
41 Segundo Virgínio, na sua obra Eneida, foi Enéias fundador de Roma.
42 Prometeu foi condenado a ficar amarrado em correntes por ter dado conhecimento aos mortais.
43 Gálios - Os franceses.
44 O Brasil passou a pertencer a Espanha a partir de 1580 até meados da década de 30 de 1600.
45 Azagaias - Lança curta.
46 Pindamonhangaba cidade do interior paulista, é quem mais cedeu guardas de honra à D. Pedro I.
Em 1972 quando os restos mortais de D. Pedro I veio definitivamente para o Brasil, antes de ficar no Museu do Ipiranga em São Paulo, os restos mortais visitou todas as capitais brasileiras, e, Pindamonhangaba foi a única cidade do interior brasileiro a receber tal visita justamente em razão da cidade ter maior contigente de guardas de honra.
47 Uma esquadrilha com mais de 4000 soldados do Coronel Resquin foi atacar o forte de Nova Coimbra, intimando seu comandante a render-se. Pôrto Carrero tinha apenas 157 combatentes para defender a posição, mas ainda assim se recusou a ceder; lutou dois dias, até se esgotarem as munições e conseguiu habilmente retirar-se num dos navios no porto, com toda a sua valente guarnição.
48 Em Dourados, pequena colônia militar, imortalizou-se o bravo Tenente Antonio João que, apenas com onze homens, resistiu ao poderoso inimigo até cair morto com seus heróis.
49 Na Batalha do Riachuelo o Barco Parnaíba foi abordada por quatro navios; mais de cem paraguaios saltam sobre o convés; luta-se corpo a corpo. Marcílio Dias enfrenta a sabre vários inimigos até cair transpassado de golpes; o jovem Greenhalg fere de morte o oficial que o intima atrevidamente a arraiar a bandeira auriverde do navio e tomba heroicamente sacrificado. Maia, oficial do exército, tem a mão direita decepada, mas toma a espada com a esquerda, e continua a bater-se; já o comandante do navio se dispõe a fazê-lo explodir quando Barroso atira o Amazonas contra os navios que investem a Parnaíba e o põe ao fundo.
50 Humaitá era tida como a mais poderosa da América do Sul; além de numerosa artilharia, tinha grandes correntes que atravessavam o rio. Delfim Carlos de Carvalho sob o fogo de centenas de canhões, com 3 couraçados e 3 monitores, conseguiu realizar perigosa travessia.
51 Refere-se à Revolução de 1932.
52 A Segunda Grande Guerra Mundial.
53 Após a Revolução de 1964 seguiu-se a ditadura militar.
54 Gonçalves terá de pôr em prova a sua coragem.
55 Cunhã - mulher
56 Toda essa aventura foi um sonho enquanto Gonçalves ficou desacordado até ser encontrado por seus companheiros